Comunicações aprovadas
SEGUNDA, DIA 09 DE OUTUBRO
08:30-08:45
Alan Dutra De Melo
Ronaldo B. Colvero
Clube Social Como Suporte De Memória, Documento E Monumento: Associação Cruzeiro Jaguarense Em Jaguarão: Rs.
08:45-09:00
Cláudia Schwab
O Cemitério Civil De Santa Vitória Do Palmar – Rs, Brasil: Uma Proposta De Pesquisa
09:00-09:15
Frinéia Zamin
Arquitetura Bancária Na Paisagem Urbana - As Filiais Do Antigo Banco Pelotense
09:15-09:30
Gianne Zanella Atallah
João Fernando I. Nunes
Clube Caixeiral De Rio Grande/Rs: O Silêncio De Uma Memória
09:30-09:45
Helen Kaufmann Lambrecht
Daniel M. Viana De Souza
A Alma Dos Objetos Por Intermédio Da Memória, Da Identidade E Da Biografia Do Acervo Do Museu Cláudio Oscar Becker
09:45-10:00
Jossana Peil Coelho
Francisca Ferreira Michelon
Expondo Memórias: A Exposição Sobre A Extinta Laneira
10:00-10:15
INTERVALO
10:15-10:30
Juliani Borchardt Da Silva
André Cavazzani
Percepções Do Patrimônio Histórico E Cultural Por Estudantes De Uma Escola Pública Da Cidade De Santo Ângelo-Rs
10:30-10:45
Keli Cristina Scolari
Margarete Gonçalves
Esculturas Em Faiança Do Museu Municipal Parque Da Baronesa, Pelotas, Rs
10:45-11:00
Leon Araújo
Os Centros De Tradições Gaúchas E A Salvaguarda Dos Bens Culturais Do Rio Grande Do Sul
11:00-11:15
Liana Barcelos Porto
Santuário Nossa Senhora Da Conceição: Patrimônio Cultural Religioso A Ser Explorado Em Aulas De História
11:15-11:30
Micheli Martins Afonso
Juliane Conceição Serres Primon
O Legado Dos Machado: A Memória Do Museu Das Missões
11:30-11:45
Tania Rajczuk Dombi
“Além-Lar”: A Casa Como Intensificador Cultural Do Museu
11:45-12:00
DISCUSSÃO FINAL
TERÇA, DIA 10 DE OUTUBRO
08:30-08:45
Alexsandro Witkowski
Avenida Espanha: História, Memória E Patrimônio Cultural Em Conflito No Centro Histórico Do Município De Arroio Dos Ratos, Rio Grande Do Sul
08:45-09:00
Ariadne Ketini Costa
Maria Letícia M. Ferreira
“Patrimônio Em Pedaços”: O Programa Praia Grande E A Produção De Políticas Públicas De Memória Sobre O Centro Histórico De São Luís, Maranhão.
09:00-09:15
Bruna M. Lacerda Martins
Henrique Manoel Da Silva
Memórias Afundadas E Os Balseiros Das Barrancas Do Rio Ivaí – Paraná
09:15-09:30
Danielle Souza Da Silva
A Teoria Cidade Jardim No Urbanismo De Pelotas
09:30-09:45
Estefania Jaekel Da Rosa
Gil Passos De Mattos
Atlas Digital Do Patrimônio Arqueológico De Pelotas, Rs.
09:45-10:00
Ivana M. Peres Dos Santos
Renata O. Albernaz
Casos Da Incidência Da Cooperação Internacional Na Preservação Do Patrimônio Cultural Transnacional Em Cidades De Fronteira
10:00-10:15
INTERVALO
10:15-10:30
Karla Nazareth-Tissot
Percursos Metodológicos Para A Elaboração De Mapas Nostálgicos
10:30-10:45
Márcio D. De Carvalho
Morro Redondo - Aspectos Da Construção De Uma Identidade Local
10:45-11:00
Milena Behling
Diego Ribeiro
Construindo Um Patrimônio Afetivo
11:00-11:15
Nadine Mello Pereira
A Potencialidade Dos Centros Clandestinos De Repressão Enquanto Lugares De Memória
11:15-11:30
Priscila M. Dias Bertoncini
Cidades Históricas, Patrimônio E Memória: Um Estudo Comparativo Entre Laguna/Sc E Pelotas/Rs.
11:30-11:45
Renata Brião De Castro
Patrícia Weiduschadt
La Città di Pelotas: Outros Olhares A Partir Dos Relatórios Dos Cônsules Italianos (Fins Do Século XIX E Início Do XX).
11:45-12:00
DISCUSSÃO FINAL
QUARTA, DIA 11 DE OUTUBRO
08:30-08:45
Bruna M. Lacerda Martins
Comensalidadese A Invenção Do Saber-Fazer Do Carneiro No Buraco De Campo Mourão – Pr
08:45-09:00
Daniele Borges Bezerra
Museus De Consciência: O Traumatismo Posto Em Valor
09:00-09:15
Diogo Souza Madeira
Viajantes Literários Da Surdez
09:15-09:30
Frantieska Huszar Schneid
Francisca Ferreira Michelon
O Álbum/Livro Da Família: Fotografias E Memórias Inseridas Nas Páginas Da Vida De Uma Guardiã
09:30-09:45
Helena T. Medeiros
Memorial Hcio Imaterial Na Materialidade
09:45-10:00
José Paulo Siefert Brahm
Diego Lemos Ribeiro
Davi Kiermes Tavares
Memória E Literatura: Sobre Um Livro De Arte Usado
10:00-10:15
INTERVALO
10:15-10:30
Letícia de C. C. de Oliveira
Ana Maria Dalla Zen
A Presença Feminina Na Produção De Artefatos No Rio Grande Do Sul
10:30-10:45
Lilian S. Da Silva Fontanari
Ana Maria Dalla Zen
Saberes, Fazeres & Ação Educativa: Reflexões Em Torno De Uma Experiência De Patrimonialização Do Ofício Dos Balseiros De Itá, Santa Catarina
10:45-11:00
Raryana Duarte Marth - Carla Rodrigues Gastaud
O Patrimônio Imaterial Nas Cartilhas Do Monumenta
11:00-11:15
Renata Brião De Castro
Patrícia Weiduschadt
A Atuação De José Rodeghiero Na Escola Garibaldi Durante Os Anos De 1929 A 1950
11:15-11:30
Renata Rogowski Pozzo Raiane Burato Cardoso
Danilo Oliveira Adriano
A Festa Da Cidade: O Que Dizem As Vozes Do Carnaval Do Centro Tradicional De Laguna - Sc
11:30-11:45
Roberta Fernandes Fajer
Ariano Suassuna: Uma Obra Para Além Dos Livros
11:45-12:00
Rossana M. Duro Sparvoli
A Payada E O Payador: Perspectivas Da Memória.
12:00-12:15
Mário Jorge Barreto Ribeiro
A Coleção Pajeú: uma oportunidade inter e transdisciplinar
08:30-08:45
Alan Dutra De Melo
Ronaldo B. Colvero
Clube Social Como Suporte De Memória, Documento E Monumento: Associação Cruzeiro Jaguarense Em Jaguarão: Rs.
08:45-09:00
Cláudia Schwab
O Cemitério Civil De Santa Vitória Do Palmar – Rs, Brasil: Uma Proposta De Pesquisa
09:00-09:15
Frinéia Zamin
Arquitetura Bancária Na Paisagem Urbana - As Filiais Do Antigo Banco Pelotense
09:15-09:30
Gianne Zanella Atallah
João Fernando I. Nunes
Clube Caixeiral De Rio Grande/Rs: O Silêncio De Uma Memória
09:30-09:45
Helen Kaufmann Lambrecht
Daniel M. Viana De Souza
A Alma Dos Objetos Por Intermédio Da Memória, Da Identidade E Da Biografia Do Acervo Do Museu Cláudio Oscar Becker
09:45-10:00
Jossana Peil Coelho
Francisca Ferreira Michelon
Expondo Memórias: A Exposição Sobre A Extinta Laneira
10:00-10:15
INTERVALO
10:15-10:30
Juliani Borchardt Da Silva
André Cavazzani
Percepções Do Patrimônio Histórico E Cultural Por Estudantes De Uma Escola Pública Da Cidade De Santo Ângelo-Rs
10:30-10:45
Keli Cristina Scolari
Margarete Gonçalves
Esculturas Em Faiança Do Museu Municipal Parque Da Baronesa, Pelotas, Rs
10:45-11:00
Leon Araújo
Os Centros De Tradições Gaúchas E A Salvaguarda Dos Bens Culturais Do Rio Grande Do Sul
11:00-11:15
Liana Barcelos Porto
Santuário Nossa Senhora Da Conceição: Patrimônio Cultural Religioso A Ser Explorado Em Aulas De História
11:15-11:30
Micheli Martins Afonso
Juliane Conceição Serres Primon
O Legado Dos Machado: A Memória Do Museu Das Missões
11:30-11:45
Tania Rajczuk Dombi
“Além-Lar”: A Casa Como Intensificador Cultural Do Museu
11:45-12:00
DISCUSSÃO FINAL
TERÇA, DIA 10 DE OUTUBRO
08:30-08:45
Alexsandro Witkowski
Avenida Espanha: História, Memória E Patrimônio Cultural Em Conflito No Centro Histórico Do Município De Arroio Dos Ratos, Rio Grande Do Sul
08:45-09:00
Ariadne Ketini Costa
Maria Letícia M. Ferreira
“Patrimônio Em Pedaços”: O Programa Praia Grande E A Produção De Políticas Públicas De Memória Sobre O Centro Histórico De São Luís, Maranhão.
09:00-09:15
Bruna M. Lacerda Martins
Henrique Manoel Da Silva
Memórias Afundadas E Os Balseiros Das Barrancas Do Rio Ivaí – Paraná
09:15-09:30
Danielle Souza Da Silva
A Teoria Cidade Jardim No Urbanismo De Pelotas
09:30-09:45
Estefania Jaekel Da Rosa
Gil Passos De Mattos
Atlas Digital Do Patrimônio Arqueológico De Pelotas, Rs.
09:45-10:00
Ivana M. Peres Dos Santos
Renata O. Albernaz
Casos Da Incidência Da Cooperação Internacional Na Preservação Do Patrimônio Cultural Transnacional Em Cidades De Fronteira
10:00-10:15
INTERVALO
10:15-10:30
Karla Nazareth-Tissot
Percursos Metodológicos Para A Elaboração De Mapas Nostálgicos
10:30-10:45
Márcio D. De Carvalho
Morro Redondo - Aspectos Da Construção De Uma Identidade Local
10:45-11:00
Milena Behling
Diego Ribeiro
Construindo Um Patrimônio Afetivo
11:00-11:15
Nadine Mello Pereira
A Potencialidade Dos Centros Clandestinos De Repressão Enquanto Lugares De Memória
11:15-11:30
Priscila M. Dias Bertoncini
Cidades Históricas, Patrimônio E Memória: Um Estudo Comparativo Entre Laguna/Sc E Pelotas/Rs.
11:30-11:45
Renata Brião De Castro
Patrícia Weiduschadt
La Città di Pelotas: Outros Olhares A Partir Dos Relatórios Dos Cônsules Italianos (Fins Do Século XIX E Início Do XX).
11:45-12:00
DISCUSSÃO FINAL
QUARTA, DIA 11 DE OUTUBRO
08:30-08:45
Bruna M. Lacerda Martins
Comensalidadese A Invenção Do Saber-Fazer Do Carneiro No Buraco De Campo Mourão – Pr
08:45-09:00
Daniele Borges Bezerra
Museus De Consciência: O Traumatismo Posto Em Valor
09:00-09:15
Diogo Souza Madeira
Viajantes Literários Da Surdez
09:15-09:30
Frantieska Huszar Schneid
Francisca Ferreira Michelon
O Álbum/Livro Da Família: Fotografias E Memórias Inseridas Nas Páginas Da Vida De Uma Guardiã
09:30-09:45
Helena T. Medeiros
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09:45-10:00
José Paulo Siefert Brahm
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Davi Kiermes Tavares
Memória E Literatura: Sobre Um Livro De Arte Usado
10:00-10:15
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Letícia de C. C. de Oliveira
Ana Maria Dalla Zen
A Presença Feminina Na Produção De Artefatos No Rio Grande Do Sul
10:30-10:45
Lilian S. Da Silva Fontanari
Ana Maria Dalla Zen
Saberes, Fazeres & Ação Educativa: Reflexões Em Torno De Uma Experiência De Patrimonialização Do Ofício Dos Balseiros De Itá, Santa Catarina
10:45-11:00
Raryana Duarte Marth - Carla Rodrigues Gastaud
O Patrimônio Imaterial Nas Cartilhas Do Monumenta
11:00-11:15
Renata Brião De Castro
Patrícia Weiduschadt
A Atuação De José Rodeghiero Na Escola Garibaldi Durante Os Anos De 1929 A 1950
11:15-11:30
Renata Rogowski Pozzo Raiane Burato Cardoso
Danilo Oliveira Adriano
A Festa Da Cidade: O Que Dizem As Vozes Do Carnaval Do Centro Tradicional De Laguna - Sc
11:30-11:45
Roberta Fernandes Fajer
Ariano Suassuna: Uma Obra Para Além Dos Livros
11:45-12:00
Rossana M. Duro Sparvoli
A Payada E O Payador: Perspectivas Da Memória.
12:00-12:15
Mário Jorge Barreto Ribeiro
A Coleção Pajeú: uma oportunidade inter e transdisciplinar
Resumos
Clube Social como suporte de memória, documento e monumento: Associação Cruzeiro Jaguarense em Jaguarão: RS.
Alan Dutra de Melo (Mestre. UFPel/Unipampa)
Ronaldo Bernardino Colvero (Doutor. UFPel/Unipampa)
Resumo: A tese em andamento estuda a Associação Cruzeiro Jaguarense em Jaguarão, entidade originada em 1975 da fusão entre o Club Jaguarense, criado em 1881 e a entidade esportiva denominada Esporte Clube Cruzeiro do Sul, fundado em 1924. O Club Jaguarense é oriundo da Sociedade Recreação Familiar Jaguarense, sociedade bailante, cuja origem remonta ao ano de1852. E a sua sede central, edificada, tal como se pode observar na sua fachada desde 1897, está localizada no perímetro de tombamento do conjunto histórico e paisagístico realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no ano de 2011. Desta forma, através de metodologia qualitativa, com análise de jornais dos séculos XIX e XX, realização de entrevistas e documentos da entidadelocalizamos o estudo entre a história e a memória. A sede central da entidade trata-se de um monumento, bem cultural elencado como de proteção rigorosa dentro do tombamento do centro histórico do município. O clube é uma forma de documento, que onde pode-se identificar parte da própria história amalgamada em alguns pontos com a história do município.E por fim, trata-se de um suporte de memória, onde é possível acessar memórias sobre as atividades desenvolvidas junto à Associação Cruzeiro Jaguarense, desde a sua denominação atual, assim como as atividades desenvolvidas em períodos anteriores quando contava com outra denominação.
Palavras-chave: Clube Social. História. Memória.
O cemitério civil de Santa Vitória do Palmar - RS: uma proposta de pesquisa
Cláudia Schwab (Bacharel em Turismo - Universidade Federal de Rio Grande)
Resumo: Este trabalho apresenta o embrião de meu projeto de pesquisa para ingresso no Mestrado em Memória Social e Patrimônio da Universidade Federal de Pelotas - UFPel. Originou-se de um artigo elaborado para a avaliação final da disciplina Seminário de Oralidade e Arquivos Orais, a qual cursei como aluna especial no semestre 1/2017. Tem como tema central o Cemitério Civil de Santa Vitória do Palmar, RS, Brasil. O que proponho é utilizar a visitação ao Cemitério, a partir de uma trilha interpretativa, como um agente provocador de memórias, a fim de registrar as narrativas dos visitantes. A divulgação posterior dessas narrativas deverá funcionar como elemento sensibilizador para a compreensão do espaço cemiterial como um lugar de memória e como importante patrimônio daquela comunidade, com vistas a sua preservação e salvaguarda. Uma análise do potencial turístico do espaço foi o tema de meu Trabalho de Conclusão de Curso para a obtenção do grau de Bacharel em Turismo, para o que realizei levantamento histórico, inventário de jazigos e uma trilha interpretativa ofertada aos residentes, a partir da qual colhi suas impressões sobre seu cemitério e sobre a possibilidade de sua transformação em atrativo turístico. Os resultados dessas primeiras pesquisas estimularam-me a levar adiante meus estudos nessa área. Neste trabalho abordo alguns resultados apontados em meu TCC e teço o início da teia teórica que poderá dar sustentabilidade à proposta de pesquisa.
Palavras-chave: Turismo Cemiterial; Memória Oral; Cemitério Civil de Santa Vitória do Palmar.
Arquitetura bancaria na paisagem urbana - as filias do antigo Banco Pelotense
Frinéia Zamin- Me. História (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado)
Resumo: Partindo da demanda de um grupo de profissionais ligados à preservação do patrimônio cultural do município de Pelotas, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado realizou o Inventário das Filiais do Antigo Banco Pelotense. O principal objetivo do trabalho foi localizar todas as edificações remanescentes, nas diversas regiões do Estado, que foram sedes de filiais do banco, suas apropriações, adaptações físicas para outros usos e ressignificações ao longo das décadas que se seguiram à liquidação da referida instituição financeira. A partir deste mapeamento buscou-se identificar elementos no sentido de avaliar a preservação, a nível estadual, de um conjunto de bens materialmente heterogêneos, porém vinculados a um mesmo processo histórico: a criação, no ano de 1906, do Banco Pelotense e sua expansão até 1931, ano em que foi extinto. Os elementos encontrados no decorrer do trabalho apontaram para a pertinência em ampliar o foco da pesquisa, optando-se, então, por incluir as novas edificações que substituíram as antigas sedes. Com isso, levantou-se a documentação iconográfica dos imóveis não mais existentes e realizou-se o registro das novas construções que passaram a ocupar os mesmos espaços, colocando em evidência elementos materiais que documentam mudanças e permanências nas apropriações dos espaços urbanos.
Palavras-Chave: Arquitetura, Historicidade, Documento.
Clube Caixeiral de Rio Grande/RS: o silêncio de uma memória
Gianne Zanella Atallah (Doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural/ICH-UFPEL/RS)
João Fernando Igansi Nunes (Doutor em Comunicação e Semiótica, PUC/SP. Professor Adjunto do Centro de Artes da UFPel)
Resumo: Esse trabalho propõe-se a partir de alguns teóricos, como Michel Pollak, Maurice Halbwacks e Paul Ricouer discutir a intangível relação de "cumplicidade" entre a memória e o esquecimento, tendo como estudo o Clube Caixeiral de Rio Grande/RS. Para isso pontuaremos a memória e como ela resiste à ausência através de vestígios ainda existentes: as narrativas, os bens culturais, o espaço físico promovendo relações de intersecção entre os elementos envolvidos nessa esfera, e o processo de silenciamento, aquilo que não é pronunciado, mas também não é esquecido. Essa intangível relação entre a memória e o esquecimento configura representações que a cada período temporal sobrepõe-se a anterior delineando os usos e os abusos da memória e que a torna fugaz do processo inicial de sua formação. Mas o caminho entre a memória o esquecimento, e o “trauma” que se instala não deve ser entendido como o fim de um processo, e sim como possibilidades de novas releituras e a definição de representações que possam promover o entendimento da “cumplicidade” entre ambos permitindo que o nosso objeto de estudo seja ressignificado dentro do seu contexto social e que o não pronunciamento caracteriza-se pelo silenciamento da memória, desafio esse ao presente, e ao futuro como forma de manter o passado eternizado pelos vestígios ainda existentes.
Palavras-Chave: Clube Caixeiral de Rio Grande- Memória - Esquecimento
A alma dos objetos por intermédio da memória, da identidade e da biografia do acervo do Museu Cláudio Oscar Becker (Ivoti-RS).
Helen KaufmannLambrecht (Museóloga, UFPEL)
Daniel Maurício Viana de Souza (Doutor em Sociologia, UFPEL)
Resumo: A presente pesquisa consiste em discutir a alma nos objetos a partir de revelações de memórias da comunidade e através da biografia do acervo do Museu Cláudio Oscar Becker (Ivoti-RS), espaço cultural destinado a história da cidade e da imigração alemã. Neste trabalho em desenvolvimento, buscamos entender como a memória e a biografia, que acreditamos ser possível atribuir aos objetos museológicos, podem servir de moldura pela qual as identidades dos narradores são construídas, auxiliando também na manifestação da alma dos objetos. Desta forma, nossa análise tem como objetivo, elaborar um estudo sobre o conceito de alma nas diversas áreas do conhecimento e sobre a relação do acervo e da memória através da construção biográfica dos objetos do museu, que virão a colaborar para o entendimento da alma. Inicialmente, conversamos individualmente com os doadores de acervo, com o intuito de refletir como as memórias evocadas pelos objetos, juntamente com as identidades associadas a eles, podem contribuir para uma definição do conceito de alma dos objetos. Posteriormente, pretendemos realizar rodas de conversas, que evidenciarão a característica coletiva da rememoração e da atribuição de significados ao acervo. Como resultado preliminar, traremos os dados já levantados, as entrevistas realizadas e nossas expectativas com o progresso da pesquisa.
Palavras-chave: Alma dos objetos, Memória, Museu.
Expondo memórias: A exposição sobre a extinta Laneira.
Jossana Peil Coelho (Doutoranda Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas)
Aline Regiane de Jesus Mota (Bolsista de Iniciação Cientifica, Bacharelado em Museologia da Universidade Federal de Pelotas)
Francisca Ferreira Michelon (Doutora Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas)
Resumo:A Laneira Brasileira S.A. foi uma fábrica de beneficiamento e comércio de lãs, localizada no bairro Fragata da cidade de Pelotas / RS, que funcionou de 1949 a 2003. Durante o seu funcionamento contava com um número significativo de trabalhadores e com grande impacto econômico, contribuiu para o crescimento do referido bairro e marcou a história do trabalho na cidade.Instalada na malha urbana se aproximou da comunidade do entorno e por suas dimensões e características fabris se destaca, ainda hoje, na paisagem do bairro. Atualmente a planta fabril é de propriedade da Universidade Federal de Pelotas, que a adquiriu em 2010. Entende-se essa extinta fábrica como um patrimônio industrial e que faz parte de uma paisagem cultural, e assim propõe-se uma exposição sobre esse espaço fabril, sendo essa um meio de extroversão do inventário de memórias realizado a partir de entrevistas com diferentes atores da Laneira. O inventário foi realizado com base no Manual de Educação Patrimonial, dentro do Programa Mais Educação, publicado e elaborado pelo Iphan. A exposição pretende contribuir com o Memorial da Laneira, espaço contemplado no projeto de novo uso da extinta fábrica, onde ficará com a guarda dessas memórias. Além disso, visa buscar novos atores para novas entrevistas, como meio de potencializar a valorização da Laneira.
Palavras chaves: Patrimônio Industrial. Laneira.Exposição
Percepções do patrimônio histórico e cultural por estudantes de uma escola pública da cidade de Santo Ângelo-RS
Juliani Borchardt da Silva (Doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas UFPEL)
André Cavazzani (Doutor em História)
Resumo: As percepções que envolvem o patrimônio histórico são distintas entre sujeitos e culturas, as quais dependem de laços afetivos dos sujeitos junto a espaços e elementos representativos de suas identidades. A pesquisa ora apresentada buscou identificar alguns elementos desta afetividade através de estudantes de uma escola pública da cidade de Santo Ângelo - RS, onde estes principais elementos simbólicos e representativos, através de seu uso cotidiano ou imaginário construído, emergiram e foram expostos. Através de pesquisa bibliográfica sobre o tema e pesquisa de campo, se abordou a temática junto ao público do educandário aplicando questionário semiestruturado, chegou-se a indicativos dos locais mais afetivos e usuais para este público, os quais em determinados aspectos divergiram de hipóteses inicialmente pensadas para a pesquisa, a qual poderá servir de subsídio para futuras ações e políticas públicas e de salvaguarda na área do patrimônio histórico e cultural desta localidade.
Palavras-chave: Patrimônio histórico. Afetividade. Cultura. Santo Ângelo-RS.
Esculturas em faiança do Museu Municipal Parque da Baronesa, Pelotas, RS
Keli Cristina Scolari (Mestre UFPel/Brasil)
Margarete R.F. Gonçalves (Doutora UFPel/Brasil)
Resumo: O presente trabalho é um recorte da pesquisa de Doutorado que esta sendo desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da UFPel. A pesquisa visa fazer um levantamento histórico e do estado de conservação das esculturas em faiança existentes no Museu Municipal Parque da Baronesa, Pelotas, RS. O Museu da Baronesa, local onde se encontram as esculturas em faiança de interesse dessa pesquisa, teve origem em 1978, na chácara da Baronesa de propriedade da família Antunes Maciel.Em 1980uma reforma modificou estruturalmente o prédio, sendo as obras removidas da platibanda, restauradas, sendo realocadas novamente na platibanda, mas não no seu lugar de origem.A troca de lugar das obras foi possível identificar através de fotografias do solar antes da reforma, em um desenho do artista Nesmaro (1976) e de imagens do filme Ângela (1951). A partir do estudo foi possível identificar quinze esculturas com as seguintes representações: um Brasil, três Artes, dois Outono; um Portugal, duas Indústria, uma Minerva, dois Comércio, uma Agricultura, um Inverno e Meninos com pato, todas em péssimo estado de conservação. As obras apresentam diversas manifestações patológicas,tais como: fissuras, rachaduras, perdas significativas do suporte, microrganismos, lacunas e intervenções restaurativas inadequadas. Esta pesquisa possibilitou o aprofundamento no estudo das esculturas em faiança, sendo estas uma pequena parte do acervo a céu aberto de Pelotas.O desenvolvimento desta visou contribuir para a valorização e a conservação do patrimônio cultural pelotense com um conhecimento técnico-científico de um tema tão pouco desenvolvido.
Palavras-chave: patrimônio edificado; esculturas em faiança; conservação e restauração.
Os Centros de Tradições Gaúchas e a salvaguarda dos bens culturais do Rio Grande do Sul
Leon Araújo (Mestre em História – MinC/Unesco)
Resumo: A presente comunicação propõe o diálogo e o debate sobre a participação dos Centros de Tradições Gaúchas (CTG) como espaços de salvaguarda de saberes tradicionais, técnicas de construção, modos de fazer, e formas de expressão do Rio Grande do Sul e do Brasil. No ano de 2017, o Ministério da Cultura com o apoio da Unesco lançaram chamada para a contratação de consultoria especializada, com vistas a dar suporte aos tradicionalistas gaúchos na elaboração da candidatura para reconhecimento dos CTG como espaços de boa prática de salvaguarda, junto a Unesco.
Tal consultoria, baseada em pesquisa de campo, tem apontado para uma série de práticas construídas pelos tradicionalistas que se constituem como métodos de salvaguarda daquilo que consideram “bens culturais” dos gaúchos. Tais métodos podem ser observados desde as escrituras e racionalização sobre os bens, as práticas de criarem rituais para a manutenção do mito/narrativa do gaúcho, até a participação política na defesa de determinados costumes e tradições. Mas há outras questões que nos desafiam a pensar os métodos de salvaguarda criados pelos tradicionalistas: será que os bens culturais foram/são alterados de forma substancial pelo tradicionalismo? O aspecto lúdico e institucionalizado transformou saberes e formas de expressão em espetáculos? Há mantenedores dessas formas de expressão e saberes fora e além dos CTG? Como eles são atingidos pela influência dos tradicionalistas? Qual é a atuação do tradicionalismo hoje no reconhecimento de “novas tradições”, ou na identificação e salvaguarda de novos patrimônios culturais?
Santuário Nossa Senhora da Conceição: patrimônio cultural religioso a ser explorado em aulas de história
Liana Barcelos Porto Mestre em Educação (UFPEL)
Resumo: O presente trabalho surgiu da necessidade de compreender como o patrimônio cultural e religioso vem sendo trabalhado nas escolas da sede da rede municipal da Cidade de Canguçu RS (Canguçu tem 33 escolas municipais, 6 localizadas na cidade e 27 no interior do município). Para tanto foram entrevistados seis professores de história dos anos finais do ensino fundamental das escolas situadas na cidade, esse recorte foi feito devido ao tempo dedicado para a pesquisa, bem como para facilitar a logística de deslocamento da pesquisadora.No alto do Cerro dos Borges foi construído o parque turístico (lugar belíssimo, pracinha, bancos, iluminação), com a estátua gigante (a maior existente no Brasil) de Nossa Senhora da Conceição. Todos os entrevistados foram unânimes em afirmar que trabalham apenas de forma bem superficial sobre o referido santuário, e a isso atribuem a falta de materiais, reconhecem que estes se fazem necessário, salientaram ainda que esse monumento ou mirante como muitos chamam é um ponto de turismo religioso ainda pouco explorado pelo município como um todo e em especial na educação patrimonial escolar. Pode-se concluir que o trabalho em questão foi bem pertinente, pois além de trazer visibilidade para um santuário tão bonito e de localização geográfica privilegiada, suscitou entre os sujeitos pesquisados uma reflexão das suas práxis indicando novos caminhos metodológicos e assuntos a serem abordados em sua disciplina.
Palavras – Chave: Patrimônio Cultural - Santuário – História.
O legado dos Machado: a memória do Museu das Missões
Micheli Martins Afonso (Mestra em Memória Social e Patrimônio Cultural)
Juliane Conceição Serres Primon (Doutora em História. PPGMP/ UFPel)
Resumo: Este artigo tem como objetivo discutir sobre a memória do Museu das Missões a partir do relato de Carlos Machado, filho de Hugo Machado, primeiro zelador desta instituição. O Museu se situa dentro de do Sítio Histórico de São Miguel Arcanjo, considerado pela UNESCO como Patrimônio Mundial. Em 2016 a instituição foi atingida por um tornado e parcialmente destruída, ficando fechada até setembro de 2017. A metodologia utilizada neste trabalho será pautada na revisão bibliográfica sobre o tema, a partir de relatos já documentados de Hugo Machado, e de entrevista realizada com Carlos Machado em São Miguel das Missões, no mês de julho deste ano. Hugo Machado teve um importante papel na memória do Museu das Missões, já que nos anos 40 foi o responsável por recolher a imaginária sacra que hoje faz parte do acervo da instituição, mas que na época estava em posse da comunidade da região. Segundo relato de Carlos Machado a sua família cuidava sozinha do museu e das obras de imaginária sacra, abrangendo ações de limpeza, segurança, registro de visitantes, preservação, dentre tantas outras tarefas museais. Os quadros sociais que definem a memória coletiva da cidade de São Miguel das Missões estão interligados à história da família Machado e conseqüentemente ao Museu das Missões, tendo em vista que a família residiu nas dependências da instituição até os anos 2000.
Palavras-chave: Memória; Preservação; Museu das Missões; Patrimônio Cultural.
“ALÉM-LAR”: A casa como intensificador cultural do museu
Tania Rajczuk Dombi (Mestre em Estudos Culturais - Universidade de São Paulo -USP)
Da histórica Casa de Anne Frank em Amsterdam, à casa do pintor Claude Monet na pequena cidade de Giverny, na França, passando pela Casa Azul da também artista Frida Kahlo, na cidade do México, as casas-museus representam atrativos urbanos não só por seus antigos habitantes, mas pela peculiaridade desta combinação de termos. Percebe-se a relação do proprietário com o lugar, seu modo de vida e como os afazeres domésticos se entrelaçam, havendo, inclusive, diálogos entre os casos apresentados. A ligação do escritor Mário de Andrade, por exemplo, com sua casa em São Paulo é considerada como “umbilical”. E se a casa de Anne Frank também pode ser compreendida como um ponto de interesse afetivo universal, atrelada à publicação de seu diário em mais de setenta idiomas, a de Monet parece se materializar a partir de suas pinturas, onde a casa é a inspiração para a criação. Já da relação entre o morador, a casa-museu e a cidade,é possível observações como a de que não só os cômodos da Casa Azul são “a cara” de Frida Kahlo, como hoje o museu é um dos mais representativos do México.Ainda que as casas-museus já não sejam mais uma novidade mesmo no Brasil (a Casa de Rui Barbosa existe desde 1930 no Rio de Janeiro), os exemplos aqui apresentados demonstram o quanto o fator casa influencia na concepção de museu, especialmente pelo envolvimento que o lar, a princípio um lugar particular, proporciona a um local público e a seus visitantes.
Palavras-chave: casa, museu, cultura.
Avenida Espanha: história, memória e patrimônio cultural em conflito no centro histórico do município de Arroio dos Ratos, Rio Grande do Sul
Alexsandro Witkowski (Mestrando em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
O objetivo do trabalho é refletir sobre as ações, disputas e conflitos entre os grupos sociais envolvidos e os valores de referência e testemunho da Avenida Espanha como patrimônio cultural do município de Arroio dos Ratos, RS. O foco da investigação decorreu de emenda parlamentar destinada ao seu revestimento, o que a descaracterizará e provocará poluição ambiental. Ressalta que se trata de espaço urbano reconhecido como patrimônio histórico da cidade, com referências ao meio ambiente natural, cultural e artificial, com assentamentos de reflexos urbanísticos, enquanto conjunto de edificações e equipamentos urbanos públicos. Destaca que o calçamento, feito com paralelepípedos artesanais, com materiais extraídos das jazidas de pedras de cantaria e transformados pelo ofício dos canteiros, se constitui numa referência histórica da época da emancipação do município. Avalia que alguns discursos de tombamento estão atrelados a processos opostos ao desenvolvimento das comunidades. Considera que a preservação se justifica na medida em que se volta para o desenvolvimento local de maneira sustentável. Ressalta que a proposta é reducionista em relação ao patrimônio cultural, atrelando-o apenas ao seu valor histórico, sem considerar questões que envolvem a memória e a identidade da comunidade. Conclui que o direito ao passado se traduz na emergência da preservação do patrimônio cultural, cuja função social, no caso da Avenida Espanha é pertencer a todos os grupos sociais do município.
Palavras-chave: Avenida Espanha. Memória. Preservação patrimonial.
“PATRIMÔNIO EM PEDAÇOS”: O Programa Praia Grande e a produção de políticas públicas de memória sobre o Centro Histórico de São Luís, Maranhão.
Ariadne Ketini Costa (Mestre/ UFPEL)
Maria Letícia Mazzucchi Ferreira (Doutora/ UFPEL)
Resumo: Esta comunicação pretende discutir as políticas públicas de memória produzidas acerca do Centro Histórico da cidade de São Luís no âmbito do Programa Praia Grande, através de propostas de revitalização do seu acervo arquitetônico. Definido como a formatação da memória oficial de um grupo, comunidade ou até mesmo de uma nação, a política pública de memória age sobre as representações dos membros de uma sociedade instaurando um regime memorial. Campo de percepções que define um momento ou fase da memória pública, a análise do regime memorial concebido em torno da revitalização do patrimônio histórico de São Luís permitirá um exame da participação dos agentes públicos envolvidos na execução do Projeto Praia Grande, no período de 1979 a 1991. Através do cruzamento dos discursos da imprensa local e dos documentos produzidos por arquitetos contratados pelo do Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís, analisaremos as representações produzidas pelos atores sociais envolvidos nesse processo.
Palavras-chave: patrimônio, políticas públicas de memória, Projeto Praia Grande.
Memórias afundadas e os balseiros das barrancas do rio Ivaí - Paraná
Bruna Morante Lacerda Martins (Doutoranda em Geografia da Universidade Estadual de Maringá. Professora Colaboradora da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão. CAPES.)
Henrique Manoel da Silva (Doutor em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor Associado da Universidade Estadual de Maringá)
Resumo: O patrimônio ambiental desenvolve um importante papel para o conhecimento, preservação e a manutenção dos vínculos de pertencimento do homem com território vivenciado em uma continuidade do tempo, já que as transformações dos elementos naturais em bens ambientais são provenientes das identidades e memórias dos grupos e sujeitos históricos (SCIFONI, 2006). Neste ínterim, pretendemos analisar a importância do rio Ivaí, localizado no estado do Paraná, como patrimônio ambiental por formar uma bacia hidrográfica genuinamente paranaense e por ser um lugar de encontros e transposições de populações, isto que o torna um rio “intocado” das paisagens de águas turvas, abundante em frutas ácidas e banhado por um legado vivo. Para tanto, o procedimento metodológico está pautado em levantar as memórias orais e fotográficas de balsas e balseiros existentes em dez pontos ao longo dos 385 km de extensão do curso fluvial. A relevância em estudar as balsas e balseiros se faz por se constituírem em testemunhos da formação das pequenas cidades, fato que reforça a tese do rio na qualidade de patrimônio ambiental. Observamos que, há o esquecimento por parte dos órgãos de preservação em salvaguardar o ofício do balseiro e preservar as balsas como representativas do processo histórico de ocupação, no qual a principal função do rio Ivaí esteve em oferecer o caminho, o refúgio e o alimento para as populações do seu entorno.
A teoria cidade jardim no urbanismo de Pelotas
Danielle Souza da Silva (Arquiteta e Urbanista – Universidade Federal de Pelotas)
As teorias urbanas são importantes e devem ser estudadas e analisadas pelo valor propositivo que tiveram ao longo da história como instrumento de configuração da cidade em prol da melhoria da vida urbana. No início do século XX, os conceitos inovadores da teoria da Cidade Jardim, como instrumento de política urbana no controle do desenvolvimento físico-espacial e como organizador do espaço da cidade, que sofria com problemas gerados pela Revolução Industrial, refletiram-se em diversos planos urbanos de vários países. Em Pelotas, como em outras cidades do Brasil, com o crescimento urbano tornou necessário transformações do seu tecido. Se as primeiras concepções urbanísticas adotaram o traçado ortogonal como elemento estruturante da cidade, o Plano Geral de Pelotas (1922), idealizado pelo arquiteto Fernando Rullmann, e no Plano de Expansão (1927) elaborado pelo engenheiro Saturnino de Brito, chegaram até o sul do Brasil trazendo novos traçados que geraram novas formas do espaço urbano. Assim, têm-se como objetivo do trabalho desvendar quais sentidos e significados essas novas ideias urbanísticas trouxeram para a cidade de Pelotas. Para isso, pretende-se estudar a teoria da Cidade Jardim, que estava sendo muito disseminada na época, e a morfologia urbana desenvolvida nos dois planos.
Palavras-chave: Teoria Cidade Jardim; Plano Geral de Pelotas; Plano de Expansão de Pelotas.
Atlas Digital do Patrimônio Arqueológico de Pelotas, RS.
Estefania Jaekel da Rosa (Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural – UFPEL;Mestranda em Antropologia com linha de formação em Arqueologia – UFPEL; Licenciada em História – UFPEL. Sócia-diretora da empresa Híbrida Arqueologia e Gestão Cultural Ltda.)
Gil Passos de Mattos (Mestre em Antropologia com linha de formação em Arqueologia – UFPEL; Licenciado em Geografia – UFPEL; Bacharel em Geografia – UFPEL. Sócio-diretor da empresa Híbrida Arqueologia e Gestão Cultural Ltda.)
Resumo: A presente comunicação irá apresentar o projeto desenvolvido para o Programa PROCULTURA Pelotas 2017, intitulado Atlas Digital do Patrimônio Arqueológico de Pelotas, RS, o qual tem por objetivo elaborar um material didático ilustrado em mídia digital, visando estimular o conhecimento e a preservação do Patrimônio Arqueológico do município, por meio de cartografias lúdico-pedagógicas com informações sobre as ocupações pré-coloniais e históricas do território pelotense. A metodologia aplicada consistirá na consulta, registro e sistematização dos dados provenientes de estudos desenvolvidos pelos laboratórios e núcleos de pesquisas arqueológicas ligados ao curso de Arqueologia da UFPEL. A partir dos dados consultados nas instituições realizaremos vistorias nos sítios arqueológicos, com o objetivo de georreferenciar e fotografar as condições atuais de preservação dos sítios. Durante essa etapa, realizaremos entrevistas com os moradores do entorno das áreas de potencial arqueológico, bem como os agentes dos diversos segmentos culturais, no intuito de observar as percepções da comunidade pelotense sobre o Patrimônio Arqueológico local. A sistematização desses dados resultará num banco de dados em SIG (Sistema de Informação Geográfica) e num Atlas Digital em CD, reunindo todas as informações disponíveis sobre os sítios arqueológicos do município, com informações sobre as pesquisas, fotos e relatos da comunidade, apresentando textos sucintos de linguagem didática, tornando o conhecimento acessível ao púbico em geral, incentivando assim a valorização da Memória e do Patrimônio Pelotense.
Palavras-Chave: Patrimônio Arqueológico; SIG; Pelotas, RS.
CASOS DA INCIDÊNCIA DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL TRANSNACIONAL EM CIDADES DE FRONTEIRA
Ivana Morales Peres dos Santos (Doutora em Memória Social e Patrimônio Cultural peloPPGMP/UFPEL; Assistente na Promotoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul.)
Renata Ovenhausen Albernaz (Doutora em Direito pela UFSC; Professora do Quadro Permanente no PPGMP/UFPEL; Professora da EA/UFRGS nos cursos de Administração e de Administração Pública e Social.)
Resumo: Esta pesquisa pretende abordar a atuação das instituições internacional de proteção ao patrimônio cultural, especificamente a UNESCO e o MERCOSUL, nas propostas de um regime de cooperação internacional em processos de patrimonialização, preservação e gestão do patrimônio cultural em cidades de fronteira ou em bens transnacionais que as perpassam. O objetivo é verificar a potencialidade desse regime internacional em facilitar a proteção patrimonial nas cidades sedes desses bens, e seus desafios em termos de coordenação política entre ação internacional, nacional e governo local. Para desenvolver essa discussão são apresentados alguns casos de cooperação internacional em bens patrimoniais transnacionais, objetivando elencar algumas soluções dessa coordenação política. São eles: 1) osCaminhos de Santiago de Compostela (Espanha e França), Itinerário Cultural, que foram declarados, em 1985, pela UNESCO, como Patrimônio da Humanidade; 2) o Parque Nacional do Iguaçu – patrimônio transnacional que também segue as recomendações da UNESCO e que envolve vários acordos bilateriais entre Brasil e Argentina e entre as cidades envolvidas; 3) a ação da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), na fiscalização das políticas públicas culturais na Espanha e em países influenciados pela cultura espanhola, e que tem uma ação, o PLAN MISIONES, desenvolvido em cidades de países da América Latina; 4) a Ponte Internacional Barão de Mauá, patrimônio do MERCOSUL, envolvendo esse organismo, os países Brasil e Uruguai, e as prefeituras de Jaguarão e Rio Branco.
Palavras Chave: Patrimônio Transnacional; Cooperação Internacional; Coordenação Política.
PERCURSOS METODOLÓGICOS PARA A ELABORAÇÃO DE MAPAS NOSTÁLGICOS
Karla Nazareth-Tissot (Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural – UFPEL)
Resumo: No livro, “De que tempo é esse lugar?”, o urbanista Kevin Lynch argumenta que para o bem-estar do indivíduo no meio onde vive, a qualidade da imagem do tempo é tão importante quanto à imagem do espaço físico em si. Isto é, quando o tempo incorporado ao ambiente corresponde às experiências e às expectativas temporais dos indivíduos, “sente-se em casa no tempo” e, consequentemente, no lugar ou lugares que o incorporam. Para essa investigação, definiu-se o “lugar nostálgico” como a categoria para analisar a qualidade temporal na cidade de Pelotas (RS), além do mapeamento desses lugares (assim como as diversas nuances do sentimento, bem como, as experiências no espaço urbano), como a metodologia indicada para a visualização e análise da presença das temporalidades (que fazem bem re-viver ou não) na cidade. O mapa foi construído a partir de pesquisa de campo e entrevistas semi-estruturadas acerca das lembranças de infância de respondentes nascidos entre 1977 e 1982 (n=10) e de suas percepções sobre Pelotas nos dias de hoje. Por ter sido uma amostra muito restrita, espera-se que todas as etapas e ferramentas elaboradas para essa pesquisa possam ser utilizadas entre outros grupos de pessoas de diferentes faixas etárias e classes socioeconômicas. Com isso, um mapeamento com maior representatividade da população total da cidade poderá fornecer valiosas indicações a respeito da(a) imagem(ns) temporal(is) que mais identifica(m) Pelotas, ajudando, portanto a orientar questões sobre preservação, restauração, renovação, entre outras.
Palavras-chaves: Nostalgia. Mapeamento. Metodologia.
Morro Redondo - Aspectos da construção de uma identidade local
Márcio Dillmann de Carvalho (Doutorando no PPG Memória Social e Patrimônio Cultural UFPel)
Resumo: Este artigo está vinculado à pesquisa que está sendo realizada no doutorado do Programa de Pós-graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da UFPel – Universidade Federal de Pelotas, trabalho esse que tem como essência o município de Morro Redondo no Rio Grande do Sul. A cidade de Morro Redondo está localizada a cerca de 300 quilômetros de Porto Alegre e tem cerca de cerca de 7 mil habitantes, o local tem suas origens formatadas em torno de uma diversidade étnica, onde historicamente ligam-se entre as sesmarias de colonos portugueses, os remanescentes quilombolas e o processo de imigração de italianos e alemães. Antigo 8º distrito da cidade de Pelotas, que fora emancipado por plebiscito popular em busca de melhores condições de trabalho e saneamento básico no ano de 1988. O objetivo é descrever e identificar alguns elementos dessas representações étnicas que podem caracterizar a evidência de uma identidade local, buscando compreender como são utilizados os elementos e memórias do passados para construir uma cidade no presente, propondo fazer uma reflexão sobre a identidade local sua relação com os lugares de memória e o patrimônio cultural reconhecido ou escolhido pela sociedade.
Palavras-chave: Cidade, Identidade, Patrimônio.
CONSTRUINDO UM PATRIMÔNIO AFETIVO
Milena Behling (Mestranda -Ufpel)
Diego Ribeiro (Doutor -Ufpel)
Resumo: Este trabalho é o recorte de uma pesquisa de mestrado que se encontra em desenvolvimento e pretende identificar os patrimônios afetivos da cidade de Morro Redondo-RS. Esta identificação partirá da evocação das lembranças de idosos da cidade. Porém, para se chegar ao objetivo da pesquisa é necessário o entendimento do que definimos por patrimônio afetivo, que será tratado neste artigo. Conceito que está sendo desenvolvido primeiramente com base nos pensamentos de Spinoza (1677) que define afeto como sendo um estado da alma, um sentimento, uma mudança ou modificação que ocorre simultaneamente no corpo e na mente. O foco deste estudo extrapola os limites do patrimônio convencional, do mesmo modo que não se limitará à materialidade. Interessa-nos aqui tudo aquilo que seja relatado pelos idosos e faça parte da cultura, de suas relações sociais e simbólicas. Muitos dos objetos, lugares, festas entre outros podem ser identificados como patrimônios afetivos, por meio de sua ressonância. Pois como Gonçalves (2005, p.22) nos diz eles efetuam mediações “entre o passado e o presente, entre o imaterial e o material, entre a alma e o corpo, entre outras”. Neste sentido, a partir do arrolamento desse patrimônio afetivo, abre-se novas rotas para observar e representar a cidade; cria-se uma via alternativa ao processo de patrimonialização convencional, à tangente das agências do Estado, de modo a incorporar as expressões, representações e vivências das comunidades em relação ao espaço urbano. O patrimônio afetivo, por esse turno, penderia mais ao universo do sensível (imaginação) do que propriamente ao campo objetivo.
Palavras chave: patrimônio; afeto; idoso.
A POTENCIALIDADE DOS CENTROS CLANDESTINOS DE REPRESSÃO ENQUANTO LUGARES DE MEMÓRIA
Nadine Mello Pereira (Licenciada em História pela Universidade Federal de Pelotas)
Resumo: Durantes os anos 1964 a 1985 o Brasil esteve mergulhado em uma ditadura civil-militar. Em sua totalidade os períodos ditatoriais são marcados pela supressão de direitos e pelas arbitrariedades praticadas pelo Estado, dentro desse contexto, o Brasil fez uso de centros clandestinos de repressão montados para colocar em prática alguns dos pilares da lógica repressiva estabelecida pelas Forças Armadas. Encarceramento, tortura e execução de opositores políticos eram os objetivos por detrás da criação e manutenção dessa estrutura paralela montada clandestinamente pelo Estado brasileiro. Segundo dados apresentados no relatório final da Comissão Nacional da Verdade, tiveram funcionamento onze centros clandestinos de repressão espalhados por oito estados brasileiros. Mesmo passadas mais de três décadas desde o fim do regime militar, ainda hoje o uso que o aparato repressivo fazia desses centros clandestinos permanece desconhecido para a maioria da população, sendo que nenhum destes espaços recebeu uma sinalização oficial, ou seja, nenhum foi convertido em espaço voltado para a rememoração dos atos acontecidos no passado.Entendendo os antigos centros clandestinos como locais simbólicos e fortemente marcados por memórias traumáticas, faz-se necessário refletir acerca do potencial destes locais enquanto possíveis lugares de memória. Dessa forma, o objetivo deste trabalho será o de analisar o potencial memorialístico dos centros clandestinos, levando em consideração que refletir sobre a emergência de novos lugares de memória da ditadura é também refletir sobre justiça de transição, reparação à memória dos que sofreram e a dívida que o Brasil possui com sua sociedade e sua história.
Palavras-chave: ditadura civil-militar; centros clandestinos; lugares de memória.
Cidades históricas, patrimônio e memória: um estudo comparativo entre Laguna/SC e Pelotas/RS.
Priscila Maria Dias Bertoncini (Mestranda -UFPel)
Resumo: Esta pesquisa faz parte da dissertação em andamento no mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural oferecido pelo Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas, que se constitui num estudo crítico e comparativo a cerca da gestão da conservação das cidades históricas de Laguna, em Santa Catarina, e Pelotas, no Rio Grande do Sul.Laguna alcançouo título de cidade em 1720; Pelotas,em 1835. As duas localidades se desenvolveram, sobretudo, durante o final do século XIX e início do XX. Ambas tiveram um período de estagnação econômica a partir dos anos de 1930, o que corroborou para a escassa especulação imobiliária e para a perpetuação de edifícios peculiares às linguagens arquitetônicas: luso-brasileira, eclética, art déco e protomoderna. O conjunto edificado nos dois centros urbanos, que sobreviveu às demolições e reformas executadas nas fachadas dos prédios, a partir da segunda metadedo século XX acendeu à condição de patrimônio – reconhecidos pelas comunidades nos dois locais, decorrentes de estudos desenvolvidos nas Universidades: UFSC e UFPel. Daí em diante, nas duas urbes foram criadas políticas públicas para a conservação desses bens materiais. A comunicação proposta objetiva apresentar algumas iniciativas para a preservação dos sítios históricos e de zonas de proteção mapeadas nos dois lugares, e outras – decunho teórico – que divulgaram as peculiaridades dos prédios característicos dessas linguagens arquitetônicas e decorreram em propostas do IPHAN e das Secretarias de Cultura – cursos, congressos, palestras – para a sensibilização das comunidades com relação à apropriação e respeito com esses bens.
Palavras-chave: Patrimônio; Arquitetura; Preservação de sítios históricos.
La Città di Pelotas: Outros Olhares A Partir Dos Relatórios Dos Cônsules Italianos (Fins Do Século XIX E Início Do XX).
Renata Brião de Castro (Doutoranda em Educação Universidade Federal de Pelotas)
Patrícia Weiduschadt (Doutora em Educação Universidade Federal de Pelotas)
Resumo: O objetivo deste texto é analisar o município de Pelotas por meio dos Relatórios dos Cônsules Italianos no Brasil. Assim, a partir das fontes estuda-se como os imigrantes italianos instalaram-se no meio urbano do município. Esses documentos datam do final do século XIX e início do século XX. É importante ressaltar que este estudo está dentro de uma pesquisa maior, a qual busca investigar as escolas étnicas italianas no município de Pelotas. Assim, a partir dos Relatórios é possível identificar como os cônsules italianos enxergavam o município de Pelotas neste período de tempo. Os Relatórios foram produzidos pelos representantes diplomáticos italianos no Brasil com o objetivo de o governo italiano acompanhar o que acontecia em cada colônia. A publicação tinha como objetivo divulgar dados comerciais e estatísticos dos países onde houve imigração italiana. A partir de 1888, a publicação passou também a publicar todas as notícias referentes ao ministério e não somente informações comerciais. A perspectiva teórica e metodológica do trabalho está inserida dentro da história cultural (BURKE, 2005; CERTEAU, 1982). Como suporte teórico apoia-se em autores que abordam imigração, grupos étnicos e identidade italiana (TRENTO, 1989; IOTTI 2011; BARTH, 2011; POUTIGNAT E STREIFF-FENART, 2011; HALL, 2014).
Palavras-chave: Município de Pelotas; imigração italiana; núcleo urbano.
COMENSALIDADESE A INVENÇÃO DO SABER-FAZER DO CARNEIRO NO BURACO DE CAMPO MOURÃO – PR
Bruna Morante Lacerda Martins (Doutoranda em Geografia da Universidade Estadual de Maringá. Professora da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão.)
Resumo O reconhecimento do saber-fazer do Carneiro no Buraco de Campo Mourão - PRnos chama atenção para refletirmos sobre a interface entre a comensalidade e o patrimônio imaterial como objetos problematizadores da sociedade, os quais demonstram as malhas dos poderes culturais, políticos e econômicos diante da partilha da comida. Esse prato, consumido anualmente em uma festividade, desde a década de 1990, adquiriu repercussão regional e passou a ser divulgado como uma referência gastronômica paranaense, embora tenha sido inventado no ano de 1962, a partir de experiências culinárias de residentes de Campo Mourão. Neste texto, objetivamos explicar como se deu a invenção da iguaria a começar pela preparação dos ingredientes, técnica de preparo até maneira de servi-lo, bem como demonstraremos as transformações e as incorporações de elementos na receita durante as comensalização do prato mediante a análise de legislações, fotografias e entrevistas entre período de 1962 a 2014. A relevância dessa abordagem se deve ao fato de que ao inventar tradições (HOBSBAWM; RANGER, 1997) por meio da comensalidade da iguaria valida o intento de forjar a construção de uma identidade e reforçar as relações de alguns grupos influentes presentes na Festa do Carneiro no Buraco. E como consequência, valida a urgência do uso do patrimônio cultural para fortalecer os laços de pertencimento entre o cidadão e o município, entre a região e o Estado.
Palavras-chave: Comensalidade; Saber-fazer; Carneiro no Buraco;
Museus de consciência: O traumatismo posto em valor
Daniele Borges Bezerra (Mestra em Memória Social e Patrimônio Cultural. PPGMP/ UFPel)
Juliane Conceição Serres Primon (Doutora em História. PPGMP/ UFPel)
Resumo: Em se tratando de lugares que testemunham o sofrimento humano, independente da natureza das experiências traumáticas, há uma tendência contemporânea em fazer frente ao esquecimento. Nesse processo, o reconhecimento patrimonial dos lugares, com o tombamento e a criação de museus e memoriais, tem por objetivo evitar a ocultação do passado doloroso e promover uma reflexão, juridicamente embasada nos direitos humanos e moralmente pautada na empatia, pois o patrimônio doloroso que os bens testemunham torna-se ícone dos crimes cometidos e do sofrimento das vítimas. As instalações artísticas, recurso expositivo presente nos museus de memória contemporâneos, podem ser consideradas, sob esse prisma, como uma metodologia para se pensar a exposição de memórias difíceis a partir da qual é possível gerar arquivos e expor memórias sem domesticar as narrativas. Nesse trabalho discutiremos alguns lugares de memória, também conhecidos como “museus de memória” ou “museus de consciência”, suas escolhas narrativas, contribuições e conflitos no que tange à transmissão de memórias fraturadas. Salvar do esquecimento, tornar público e educar para o futuro, são intenções que exprimem o imperativo moral de tais lugares e o desejo de responder a um dever de memória. No entanto, a difusão vertiginosa dessa tipologia de museus observada no tempo presente evidencia um sintoma contemporâneo, que está diretamente relacionado à exposição dos traumas.
Palavras-chave: Dispositivos de memória; Memórias difíceis; Patrimônios ambíguos.
Viajantes literários da Surdez
Diogo Souza Madeira (Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural/UFPel)
Resumo: Este trabalho tem como objetivo reunir as produções literárias dos viajantes literários da surdez, considerando como patrimônios imateriais, tanto impressos como digitais com os aportes teóricos de Lodenir Karnopp (2006), Paul Ricoeur (1994), Marta Bernandette Porto (2009), Gustavo V. García (2003) e Jaime Ginzburg (2008), autores que abordam a memória e o testemunho, para investigar as representações dos viajantes. Portanto, por meio da seleção de textos literários para uma análise que possibilita inferir sobre a função de escrita real deles. A ideia de investigar esta seleção é compreender porque os viajantes literários como memórias surdas são invisíveis para a sociedade majoritária e explorar o conceito de viajante da literatura. Quem é viajante textual desempenha a função de traduzir o que encontrar de relevante de forma literária; assume o papel de condutor de memórias e referências culturais, literárias e identitárias. Porto (2009, p.39) que discute as identidades em trânsito, afirma que o envolvimento de práticas transculturais que viajantes textuais têm como parte do testemunho, as vivências em relação à surdez que os viajantes literários vêm registrando são utilizadas conotativamente e denotativamente em seus textos. Karnopp (2006, p.100) ressalta que “a literatura do reconhecimento é de importância crucial para as minorias linguísticas que desejam afirmar suas tradições culturais nativas e recuperar suas histórias reprimidas”, o que vale também para os viajantes literários da surdez que produzem suas prosas e poesias em Língua Portuguesa.
Palavra-Chave: Memória. Literatura. Testemunho.
O ÁLBUM/LIVRO DA FAMÍLIA: fotografias e memórias inseridas nas páginas da vida de uma guardiã
Frantieska Huszar Schneid (Doutoranda PPG Memória Social e Patrimônio Cultural- UFPel)
Francisca Ferreira Michelon (Doutora e Docente do PPG Memória Social e Patrimônio Cultural - UFPel)
O indivíduo ao longo de sua trajetória, apega-se à objetos, que acabam sendo uma conexão entre as pessoas da família, muitas vezes herdados pelas gerações mais novas ou entregues às pessoas muito próximas à família.Lugares de memórias, evocadores do passado, narradores de histórias, os objetos desempenham atividades relevantes na construção de identidades dos sujeitos. Esta relação dos objetos com o passado e os elos de ligações entre gerações futuras que é analisado neste artigo, o qual busca abordar discussões acerca do que chamamos de álbuns/livros de famílias. Além da visualidade/materialidade impregnada no álbum, busca-se trabalhar com a oralidade – narrativas da guardiã - pois entende-se que ambas cumprem diferentes funções no processo de comunicação e de construção de memórias coletivas. A intenção de tal estudo é justamente trabalhar o que muitos procedimentos de pesquisa, ditos científicos procuram evitar: memórias, experiências de fatos vivenciados pela informante da pesquisa e reinterpretados a partir do momento presente.A entrevista com a guardiã, determina a estrutura da composição do corpus bem como a ressignificação do objeto para a sua condição de mensagem que se processa através do tempo. Os procedimentos metodológicos adotados empregam técnicas utilizadas na história oral, a partir de entrevista semi-estruturada, com perguntas abertas – permitindo à entrevistada relembrar os usos e costumes de uma época distante, mas ainda presente na memória. Para realizar esta pesquisa percebeu-se a importância dos dois recursos: o álbum/livro de família e a narrativa da informante.
Palavras-chave: álbuns/livros de família; guardiã de memória; objetos.
MEMORIAL HCI O Imaterial na Materialidade
Helena Thomassim Medeiros (Mestranda do PPGMP, UFPel)
Juliane Conceição Primon Serres (Doutora em História, UFPel)
Resumo: O Hospital Colônia Itapuã (HCI) foi inaugurado em 1940, com o intuito de ser a morada de milhares de pacientes com hanseníase, considerando que hoje alguns deles ainda residem no local. Posteriormente,a partir do ano de 1972, passou a atender também pacientes portadores de sofrimento psíquico, provenientes do Hospital Psiquiátrico São Pedro. Sendo parte da história da saúde público do Rio Grande do Sul e do Brasil, à medida em que surge a partir de uma política do governo federal para evitar a proliferação da hanseníase, essa instituição ganhou um espaço de memória destinado a representar sua trajetória em 2014. Este artigo é parte de uma dissertação que está em processo de desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas. Tendo como objetivo perceber o papel da imaterialidade, enquanto construtora de conceitos e preconceitos, dentro da materialidade representada pelos objetos expostos no Memorial do Hospital Colônia Itapuã. A metodologia utilizada visa a análise dos ambientes e escolhas expográficas na representação do cotidiano do HCI, utilizando para isso dados referentes a pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Percebendo que uma exposição é formada por escolhas definidas a partir de recortes temáticos, estes são estabelecidos afim de transmitir ao público uma mensagem. Desta forma, a materialidade do acervo destina-se a representar conceitos imateriais. No Memorial em questão encontram-se atreladas a estas decisões o imaginário social referente ao HCI e ao estigma associado a doença hanseníase, antigamente conhecida como lepra.
Palavras-Chave:Expografia.Imaterialidade. Memorial Hospital Colônia Itapuã.
MEMÓRIA E LITERATURA: SOBRE UM LIVRO DE ARTE USADO
José Paulo Siefert Brahm (Mestre, UFPel)
Diego Lemos Ribeiro (Doutor, USP)
Davi Kiermes Tavares (Mestre, UFPel)
Resumo: O livro é uma das fontes mais ricas de que o pesquisador dispõe. Nele, encontram-se as ideias do seu autor, as marcas do lugar social de onde escreveu, os indícios de produção e de venda, a materialidade e o simbolismo que lhe é atribuído. Além disso, principalmente o livro usado, exposto em “sebos” (físicos ou virtuais) como suporte de memória, traz consigo: lembranças sobrepostas(de seus donos anteriores e atuais), marcas humanas (rabiscos, assinaturas, rasgos), afeto (em forma de dedicatória), marcas do tempo (poeira, desbotamento, enrugamento); acena percurso e associações entre humanos (sujeitos) e não-humanos (os livros) e, igualmente, as mediações das sociabilidades entre atores humanos estabelecidas por um ator não-humano através do tempo e do espaço. Analisar o envolvimento de livros usados com sujeitos, o qual reflete uma relação entre memória e literatura, a partir da tentativa de reconstrução da biografia de um determinado livro e da trajetória de um seu exemplar até o “sebo”, onde foi adquirido, é o objetivo principal do artigo. Latour (2012), Appadurai (2008),Gell (1998), Stallybrass (2008), Bonnot (2004), entre outros, são autores nos quais a argumentação se apoia.
Palavras-chave: Biografia dos objetos, sociabilidade, Clarival do Prado Valladares.
A PRESENÇA FEMININA NA PRODUÇÃO DE ARTEFATOS NO RIO GRANDE DO SUL
Letícia de Cássia Costa de Oliveira (Mestranda em Museologia, Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio, Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Ana Maria Dalla Zen (Doutora em Comunicação, Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio, Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Resumo: Este trabalho se propõe a analisar a contribuição da produção de artefatos pela mulher rio-grandense como patrimônio cultural imaterial do Estado do Rio Grande do Sul, a fim de identificar as relações afetivas, sociais e de memórias que são construídas no entorno dos fazeres e saberes femininos. Para investigar os processos de transmissão dos conhecimentos resultantes dessas práticas, será utilizada a metodologia da história oral, sob a forma de rodas de memória e grupos focais, cujos resultados, para salvaguarda, serão transformados em uma produção audiovisual. Enfatiza o papel da produção de artefatos na história cultural do Rio Grande do Sul e de sua presença na formação das mulheres gaúchas. Destaca que os artefatos, em contextos específicos, se tornam peças essenciais para a história cultural de comunidades e regiões. Analisa como o ensino de prendas domésticas se tornou um padrão de educação feminina, e a sua prática como apoio ao trabalho doméstico feminino. Situa a prática de produção artesanal como representação de inferioridade feminina, no contexto histórico do RS, em que foi considerado muitas vezes como um trabalho inculto, exercido somente por mulheres. Conclui que na contemporaneidade, em decorrência dos diferentes posicionamentos da mulher na sociedade e das mudanças das práticas culturais consideradas femininas, surgiram novas relações entre a mulher e a produção de artefatos, numa nova configuração do lugar e do espaço feminino. E que, na patrimonialização desses saberes, novas perspectivas devem ser consideradas, exigidas pelo processo de crescente, complexo e diferenciado empoderamento feminino que se consolida na atualidade.
Palavras-chave: Patrimônio imaterial. Artesanato. Artefatos femininos no RS.
SABERES, FAZERES & AÇÃO EDUCATIVA: REFLEXÕES EM TORNO DE UMA EXPERIÊNCIA DE PATRIMONIALIZAÇÃO DO OFÍCIO DOS BALSEIROS DE ITÁ, SANTA CATARINA
Lilian Santos da Silva Fontanari (Mestranda do Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio, Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Ana Maria Dalla Zen (Professora titular, Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio, Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Resumo: O objetivo deste trabalho é refletir sobre os sentidos e usos associados à preservação da prática dos balseiros que atuaram na década de 1920 em Itá, Santa Catarina, cujos saberes e fazeres vêm sendo (re)afirmados pelo Museu do Balseiro (MB). Propõe-se a recuperação da contribuição desse ofício como patrimônio cultural da região, pela produção de artefatos, meios de transporte e ferramentas de trabalho, apesar dos impactos da ação madeireira no meio ambiente. A fundamentação teórica baseia-se na Museologia Social, na História Oral e na Educação Para o Patrimônio. A metodologia inclui pesquisa documental e rodas de conversa com antigos balseiros, para a execução de um projeto de ação educativa com alunos do quarto ano da Escola Municipal Valentin Bernardi, para a fabricação de réplica de uma balsa. Analisa os resultados da experiência como ação de educação para o patrimônio, a partir das narrativas dos professores e alunos participantes, reunidas no momento de seu reencontro com a obra exposta no MB. Discute as relações entre apropriação, patrimônio cultural material e imaterial, preservação e identidade para compreender como elas se apresentam e se constituem no processo educativo. Problematiza as ações de recuperação e de preservação do patrimônio cultural imaterial dos balseiros na rede de ensino, e como estas têm sido negociadas e associadas à história local. Conclui que a experiência se constituiu numa atividade de ação educativa e cultural, útil como estratégia de recuperação de memórias e de educação para o patrimônio, através da apropriação de elementos da cultura do colonizador.
Palavras-Chave: Museologia Social. Patrimônio cultural imaterial. Museu do Balseiro de Itá.
O patrimônio imaterial nas Cartilhas do Monumenta
Raryana Duarte Marth (Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural Universidade Federal de Pelotas/UFPel)
Carla Rodrigues Gastaud (Doutora em Educação Universidade Federal de Pelotas/UFPel)
Resumo: A criação dos livros didáticos “Somos! Patrimônio Cultural De Pelotas” e “Pelotas Uma História Cultural”, referentes à história da cidade e seus patrimônios, foi um dos projetos desenvolvidos no contexto do Programa Monumenta na cidade de Pelotas/RS. Estas cartilhas, objetos de estudo desta pesquisa, foram desenvolvidas no ano de 2009 sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura de Pelotas, uma destina-se às séries iniciais e a outra às séries finais. O material foi distribuído para todas as escolas municipais e também está disponível no site da Prefeitura Municipal de Pelotas.A cartilha para as séries iniciais aborda a história da cidade através de diálogos entre dois principais personagens - Tonho e Carol -, com seus familiares, amigos e professores.O livro direcionado às séries finais tem seus temas apresentados por três personagens - Mariana, Manu e João Pedro -, através de crônicas.Os livros abordam a história da cidade, trazem os conceitos de cultura, memória, identidade, patrimônio histórico, ambiental, vivo, material e imaterial. Assim, busca-se identificar o conceito de patrimônio imaterial nestes livros, o modo como este é abordado e quais os exemplos destacados.
A atuação de José Rodeghiero na Escola Garibaldi durante os anos de 1929 a 1950
Renata Brião de Castro (Doutoranda em Educação - Universidade Federal de Pelotas)
Patrícia Weiduschadt (Doutora em Educação - Universidade Federal de Pelotas)
Resumo: Esse texto tem como objetivo refletir sobre a permanência de um professor em uma escola rural, a saber, o professor José Rodeghiero. Esse permaneceu na Escola Garibaldi durante os anos de 1929 a 1950. Assim, a presente pesquisa trazer alguns indícios da atuação desse professor, a qual está alinhada à participação comunitária do docente na localidade. Observa-se que após a saída do professor Rodeghiero da escola, houve grande rotatividade de professores. O estudo está dentro da área de História da Educação e como categorias de análise ressalta-se a identidade e a identidade étnica (BARTH, 2011; POUTIGNAT E STREIFF-FENART, 2011; HALL, 2014), uma vez que o professor era de descendência italiana, assim como a comunidade da Colônia Maciel, região da escola. Como fontes para a pesquisa serão utilizados: jornais locais, entrevistas realizadas com ex-alunos da Escola e, sobretudo, o manuscrito produzido pelo professor José Rodeghiero. Dessa forma, realiza-se uma discussão sobre memória e escrita. A partir deste manuscrito é possível realizar uma série de problematizações sobre o período de atuação do professor na localidade, bem como a participação comunitária do docente.
Palavras-chave: Atuação docente; Escola Garibaldi; José Rodeghiero.
A FESTA DA CIDADE O que dizem as vozes do carnaval do centro tradicional de Laguna - SC
Renata Rogowski Pozzo (Doutora em Geografia. Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Estado de Santa Catarina).
Raiane Burato Cardoso (Graduanda em Arquitetura e Urbanismo. Universidade do Estado de Santa Catarina).
Danilo Oliveira Adriano (Graduando em Arquitetura e Urbanismo. Universidade do Estado de Santa Catarina).
Resumo: O centro tradicional da cidade de Laguna-SC abrigou por mais de um século as diversas facetas da celebração do carnaval, iniciando com o Zé-Pereira, passando pelas Sociedades Carnavalescas, os Blocos e chagando às Escolas de Samba. Este centro integra uma poligonal de tombamento a nível federal, desde 1985, composta por 600 edificações. A partir de 1960, quando forma-se a figura da Escola de Samba, esta festa dá vida noturna ao centro tradicional durante os ensaios de bateria, e movimenta a cultura popular nas comunidades ligadas à esta tradição. Mesmo após esta relação de longa data, a celebração do carnaval não foi incorporada simbolicamente à noção de patrimônio atribuída ao conjunto histórico do centro. Diante desta percepção, a questão colocada é a seguinte: "Por que o carnaval, enquanto festa popular e prática do espaço, não faz parte do imaginário do patrimônio tombado do centro tradicional de Laguna-SC?". Na pesquisa, elaboramos a ideia de que não é efetivo pensar o espaço tombado alheio às práticas sociais envolvidas nele. Interpretamos que a realização da celebração do carnaval no espaço do centro, atribui a este a simbologia do lugar, o espaço praticado. As festas, entendidas como ativadoras de relações, evidenciam o conteúdo humano do patrimônio. Festejar o carnaval é uma forma de cidadania no espaço, e, quando este integra uma malha tombada, é fundamental que a celebração seja incorporada ao sentido de patrimônio, para a própria democratização do mesmo.
Palavras-chave: Carnaval. Centro Tradicional. Patrimônio Imaterial
ARIANO SUASSUNA: UMA OBRA PARA ALÉM DOS LIVROS
Roberta Fernandes Fajer (Mestra em Memória Social e Bens Culturais pela UNILASALLE – Servidora do Museu da UFRGS)
Resumo: Ariano Suassuna foi considerado um dos maiores dramaturgos brasileiros quando ainda era muito jovem. Poeta, dramaturgo, romancista, artista plástico e professor, assumiu a missão de defender a cultura nacional – nosso maior patrimônio –, fazendo dela o cerne de sua vida. Nessa missão, foi muitas vezes criticado e incompreendido por sustentar suas convicções. Uma das coisas a que ele mais se opunha era a cultura de massa, pois afirmava que arte para ele não era um negócio, era missão, vocação e festa. Essa discordância fez com que um longo tempo se passasse antes de ele permitir a aproximação de suas obras com a indústria cultural– principalmente com a televisão –, que entendia não ter condições de manter os princípios que ele trazia em sua poética. E dos quais ele não abria mão. Desta forma, a partir das categorias memória e cultura, este estudo busca compreender, por meio de narrativas de memória de um grupo relacionado a Ariano Suassuna, como se deu a relação do artista e de sua obra com a cultura e a indústria cultural. Para tanto, fez uso da metodologia de história oral e da hermenêutica de profundidade, que junto com a teoria de base deram sustentação ao mesmo. Conclui-se mostrando que Ariano não cedeu à pressão dos meios da indústria cultural. E que, ao contrário, para terem acesso às suas obras foram aqueles meios que se renderam a ele.
Palavras-chave:Memória. Cultura. Ariano Suassuna.
A Payada e o Payador: perspectivas da memória.
Rossana Marina Duro Sparvoli (Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural– UFPel)
Resumo: A presente comunicação,tendo como pano de fundo a declaração em 2015 da Payada como primeiro patrimônio cultural imaterial do Mercosul,visa realizar uma reflexão crítica, utilizando como fio condutor do raciocínio o papel da Payada e a relação do Payador com as suas comunidades de origem. São elas, a saber, as sociedades dos países do Cone Sul - Argentina, Uruguai e sul do Brasil. Tal ensaio se dará a luz de alguns dos conceitos centrais estudados dentro do Programa de Pós-Graduação de Memória Social e Patrimônio Cultural da UFPel. Será feito uma discussão entre alguns dos teóricos fundamentais para o estudo da memória como Paul Ricouer, Maurice Halbwachs, e Joël Candau, e também com historiadores importantes como Pierre Nora, François Hartog,Johann Michel e Cláudia Rosário. Serão contemplados temas essenciais para o debate aqui desejado como: memória coletiva, metamemória, identidades, homem-memória e lugar de memória, a ligação da memória com o tempo,a relação das sociedades nos regimes de historicidade, e os usos políticos do passado. Além disso, se comentará como o objeto de estudo aqui proposto adentra no campo político da governança memorial, através das políticas de memória, e se examinará os possíveis dilemas decorrentes de sua patrimonialização. Procurar-se-á perspectivas inovadoras que tragam novos olhares e formas de pensar sobre a Payada e o Payador dentro das temáticas propostas.
Palavras-chave: Memória; Payada; Usos Políticos do Passado.
A Coleção Pajeú: uma oportunidade inter e transdisciplinar
Mário Jorge Barreto Ribeiro (Mestrando em Sociologia - Universidade Federal do Ceará/UFC)
Resumo: Idealizada por Gylmar de Carvalho, a Coleção Pajéu é uma coletânea de livros que retrata a história dos bairros de Fortaleza a partir da narrativa das respectivas memórias desses lugares, contadas com base em manifestações históricas e culturais. As obras foram escritas por autores reconhecidos no meio literário cearense, alguns deles moradores dos próprios bairros que narraram. Em sua terceira edição, um dos principais propósitos da coletânea é estimular o sentimento de pertencimento entre os fortalezenses e a cidade, e também entre o bairro onde residem. Baseado em uma análise bibliográfica da coleção, o objetivo deste artigo é refletir sobre o uso das publicações em sala de aula, no âmbito da educação básica, como instrumento capaz de viabilizar abordagens inter e transdisciplinares. Na disciplina de sociologia, por exemplo, é possível pensar os estudos urbanos, a expansão e os problemas da metrópole, segundo os livros jå editados. As temáticas em questão que podem ser exploradas na disciplina mencionada, dialogam com outras áreas do conhecimento, como a geografia e a história; a coleção pode atuar como instrumento capaz de facilitar a promoção dessa interação. Concluiu-se que é possível utilizá-la como importante recurso didático no desenvolvimento de práticas educativas divergentes dos modelos tradicionais amparados no paradigma das disciplinas; iniciativas comprometidas tanto com a formação técnica quanto ética e moral dos discentes.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Transdisciplinaridade; Coleção Pajeú
Alan Dutra de Melo (Mestre. UFPel/Unipampa)
Ronaldo Bernardino Colvero (Doutor. UFPel/Unipampa)
Resumo: A tese em andamento estuda a Associação Cruzeiro Jaguarense em Jaguarão, entidade originada em 1975 da fusão entre o Club Jaguarense, criado em 1881 e a entidade esportiva denominada Esporte Clube Cruzeiro do Sul, fundado em 1924. O Club Jaguarense é oriundo da Sociedade Recreação Familiar Jaguarense, sociedade bailante, cuja origem remonta ao ano de1852. E a sua sede central, edificada, tal como se pode observar na sua fachada desde 1897, está localizada no perímetro de tombamento do conjunto histórico e paisagístico realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no ano de 2011. Desta forma, através de metodologia qualitativa, com análise de jornais dos séculos XIX e XX, realização de entrevistas e documentos da entidadelocalizamos o estudo entre a história e a memória. A sede central da entidade trata-se de um monumento, bem cultural elencado como de proteção rigorosa dentro do tombamento do centro histórico do município. O clube é uma forma de documento, que onde pode-se identificar parte da própria história amalgamada em alguns pontos com a história do município.E por fim, trata-se de um suporte de memória, onde é possível acessar memórias sobre as atividades desenvolvidas junto à Associação Cruzeiro Jaguarense, desde a sua denominação atual, assim como as atividades desenvolvidas em períodos anteriores quando contava com outra denominação.
Palavras-chave: Clube Social. História. Memória.
O cemitério civil de Santa Vitória do Palmar - RS: uma proposta de pesquisa
Cláudia Schwab (Bacharel em Turismo - Universidade Federal de Rio Grande)
Resumo: Este trabalho apresenta o embrião de meu projeto de pesquisa para ingresso no Mestrado em Memória Social e Patrimônio da Universidade Federal de Pelotas - UFPel. Originou-se de um artigo elaborado para a avaliação final da disciplina Seminário de Oralidade e Arquivos Orais, a qual cursei como aluna especial no semestre 1/2017. Tem como tema central o Cemitério Civil de Santa Vitória do Palmar, RS, Brasil. O que proponho é utilizar a visitação ao Cemitério, a partir de uma trilha interpretativa, como um agente provocador de memórias, a fim de registrar as narrativas dos visitantes. A divulgação posterior dessas narrativas deverá funcionar como elemento sensibilizador para a compreensão do espaço cemiterial como um lugar de memória e como importante patrimônio daquela comunidade, com vistas a sua preservação e salvaguarda. Uma análise do potencial turístico do espaço foi o tema de meu Trabalho de Conclusão de Curso para a obtenção do grau de Bacharel em Turismo, para o que realizei levantamento histórico, inventário de jazigos e uma trilha interpretativa ofertada aos residentes, a partir da qual colhi suas impressões sobre seu cemitério e sobre a possibilidade de sua transformação em atrativo turístico. Os resultados dessas primeiras pesquisas estimularam-me a levar adiante meus estudos nessa área. Neste trabalho abordo alguns resultados apontados em meu TCC e teço o início da teia teórica que poderá dar sustentabilidade à proposta de pesquisa.
Palavras-chave: Turismo Cemiterial; Memória Oral; Cemitério Civil de Santa Vitória do Palmar.
Arquitetura bancaria na paisagem urbana - as filias do antigo Banco Pelotense
Frinéia Zamin- Me. História (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado)
Resumo: Partindo da demanda de um grupo de profissionais ligados à preservação do patrimônio cultural do município de Pelotas, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado realizou o Inventário das Filiais do Antigo Banco Pelotense. O principal objetivo do trabalho foi localizar todas as edificações remanescentes, nas diversas regiões do Estado, que foram sedes de filiais do banco, suas apropriações, adaptações físicas para outros usos e ressignificações ao longo das décadas que se seguiram à liquidação da referida instituição financeira. A partir deste mapeamento buscou-se identificar elementos no sentido de avaliar a preservação, a nível estadual, de um conjunto de bens materialmente heterogêneos, porém vinculados a um mesmo processo histórico: a criação, no ano de 1906, do Banco Pelotense e sua expansão até 1931, ano em que foi extinto. Os elementos encontrados no decorrer do trabalho apontaram para a pertinência em ampliar o foco da pesquisa, optando-se, então, por incluir as novas edificações que substituíram as antigas sedes. Com isso, levantou-se a documentação iconográfica dos imóveis não mais existentes e realizou-se o registro das novas construções que passaram a ocupar os mesmos espaços, colocando em evidência elementos materiais que documentam mudanças e permanências nas apropriações dos espaços urbanos.
Palavras-Chave: Arquitetura, Historicidade, Documento.
Clube Caixeiral de Rio Grande/RS: o silêncio de uma memória
Gianne Zanella Atallah (Doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural/ICH-UFPEL/RS)
João Fernando Igansi Nunes (Doutor em Comunicação e Semiótica, PUC/SP. Professor Adjunto do Centro de Artes da UFPel)
Resumo: Esse trabalho propõe-se a partir de alguns teóricos, como Michel Pollak, Maurice Halbwacks e Paul Ricouer discutir a intangível relação de "cumplicidade" entre a memória e o esquecimento, tendo como estudo o Clube Caixeiral de Rio Grande/RS. Para isso pontuaremos a memória e como ela resiste à ausência através de vestígios ainda existentes: as narrativas, os bens culturais, o espaço físico promovendo relações de intersecção entre os elementos envolvidos nessa esfera, e o processo de silenciamento, aquilo que não é pronunciado, mas também não é esquecido. Essa intangível relação entre a memória e o esquecimento configura representações que a cada período temporal sobrepõe-se a anterior delineando os usos e os abusos da memória e que a torna fugaz do processo inicial de sua formação. Mas o caminho entre a memória o esquecimento, e o “trauma” que se instala não deve ser entendido como o fim de um processo, e sim como possibilidades de novas releituras e a definição de representações que possam promover o entendimento da “cumplicidade” entre ambos permitindo que o nosso objeto de estudo seja ressignificado dentro do seu contexto social e que o não pronunciamento caracteriza-se pelo silenciamento da memória, desafio esse ao presente, e ao futuro como forma de manter o passado eternizado pelos vestígios ainda existentes.
Palavras-Chave: Clube Caixeiral de Rio Grande- Memória - Esquecimento
A alma dos objetos por intermédio da memória, da identidade e da biografia do acervo do Museu Cláudio Oscar Becker (Ivoti-RS).
Helen KaufmannLambrecht (Museóloga, UFPEL)
Daniel Maurício Viana de Souza (Doutor em Sociologia, UFPEL)
Resumo: A presente pesquisa consiste em discutir a alma nos objetos a partir de revelações de memórias da comunidade e através da biografia do acervo do Museu Cláudio Oscar Becker (Ivoti-RS), espaço cultural destinado a história da cidade e da imigração alemã. Neste trabalho em desenvolvimento, buscamos entender como a memória e a biografia, que acreditamos ser possível atribuir aos objetos museológicos, podem servir de moldura pela qual as identidades dos narradores são construídas, auxiliando também na manifestação da alma dos objetos. Desta forma, nossa análise tem como objetivo, elaborar um estudo sobre o conceito de alma nas diversas áreas do conhecimento e sobre a relação do acervo e da memória através da construção biográfica dos objetos do museu, que virão a colaborar para o entendimento da alma. Inicialmente, conversamos individualmente com os doadores de acervo, com o intuito de refletir como as memórias evocadas pelos objetos, juntamente com as identidades associadas a eles, podem contribuir para uma definição do conceito de alma dos objetos. Posteriormente, pretendemos realizar rodas de conversas, que evidenciarão a característica coletiva da rememoração e da atribuição de significados ao acervo. Como resultado preliminar, traremos os dados já levantados, as entrevistas realizadas e nossas expectativas com o progresso da pesquisa.
Palavras-chave: Alma dos objetos, Memória, Museu.
Expondo memórias: A exposição sobre a extinta Laneira.
Jossana Peil Coelho (Doutoranda Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas)
Aline Regiane de Jesus Mota (Bolsista de Iniciação Cientifica, Bacharelado em Museologia da Universidade Federal de Pelotas)
Francisca Ferreira Michelon (Doutora Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas)
Resumo:A Laneira Brasileira S.A. foi uma fábrica de beneficiamento e comércio de lãs, localizada no bairro Fragata da cidade de Pelotas / RS, que funcionou de 1949 a 2003. Durante o seu funcionamento contava com um número significativo de trabalhadores e com grande impacto econômico, contribuiu para o crescimento do referido bairro e marcou a história do trabalho na cidade.Instalada na malha urbana se aproximou da comunidade do entorno e por suas dimensões e características fabris se destaca, ainda hoje, na paisagem do bairro. Atualmente a planta fabril é de propriedade da Universidade Federal de Pelotas, que a adquiriu em 2010. Entende-se essa extinta fábrica como um patrimônio industrial e que faz parte de uma paisagem cultural, e assim propõe-se uma exposição sobre esse espaço fabril, sendo essa um meio de extroversão do inventário de memórias realizado a partir de entrevistas com diferentes atores da Laneira. O inventário foi realizado com base no Manual de Educação Patrimonial, dentro do Programa Mais Educação, publicado e elaborado pelo Iphan. A exposição pretende contribuir com o Memorial da Laneira, espaço contemplado no projeto de novo uso da extinta fábrica, onde ficará com a guarda dessas memórias. Além disso, visa buscar novos atores para novas entrevistas, como meio de potencializar a valorização da Laneira.
Palavras chaves: Patrimônio Industrial. Laneira.Exposição
Percepções do patrimônio histórico e cultural por estudantes de uma escola pública da cidade de Santo Ângelo-RS
Juliani Borchardt da Silva (Doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas UFPEL)
André Cavazzani (Doutor em História)
Resumo: As percepções que envolvem o patrimônio histórico são distintas entre sujeitos e culturas, as quais dependem de laços afetivos dos sujeitos junto a espaços e elementos representativos de suas identidades. A pesquisa ora apresentada buscou identificar alguns elementos desta afetividade através de estudantes de uma escola pública da cidade de Santo Ângelo - RS, onde estes principais elementos simbólicos e representativos, através de seu uso cotidiano ou imaginário construído, emergiram e foram expostos. Através de pesquisa bibliográfica sobre o tema e pesquisa de campo, se abordou a temática junto ao público do educandário aplicando questionário semiestruturado, chegou-se a indicativos dos locais mais afetivos e usuais para este público, os quais em determinados aspectos divergiram de hipóteses inicialmente pensadas para a pesquisa, a qual poderá servir de subsídio para futuras ações e políticas públicas e de salvaguarda na área do patrimônio histórico e cultural desta localidade.
Palavras-chave: Patrimônio histórico. Afetividade. Cultura. Santo Ângelo-RS.
Esculturas em faiança do Museu Municipal Parque da Baronesa, Pelotas, RS
Keli Cristina Scolari (Mestre UFPel/Brasil)
Margarete R.F. Gonçalves (Doutora UFPel/Brasil)
Resumo: O presente trabalho é um recorte da pesquisa de Doutorado que esta sendo desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da UFPel. A pesquisa visa fazer um levantamento histórico e do estado de conservação das esculturas em faiança existentes no Museu Municipal Parque da Baronesa, Pelotas, RS. O Museu da Baronesa, local onde se encontram as esculturas em faiança de interesse dessa pesquisa, teve origem em 1978, na chácara da Baronesa de propriedade da família Antunes Maciel.Em 1980uma reforma modificou estruturalmente o prédio, sendo as obras removidas da platibanda, restauradas, sendo realocadas novamente na platibanda, mas não no seu lugar de origem.A troca de lugar das obras foi possível identificar através de fotografias do solar antes da reforma, em um desenho do artista Nesmaro (1976) e de imagens do filme Ângela (1951). A partir do estudo foi possível identificar quinze esculturas com as seguintes representações: um Brasil, três Artes, dois Outono; um Portugal, duas Indústria, uma Minerva, dois Comércio, uma Agricultura, um Inverno e Meninos com pato, todas em péssimo estado de conservação. As obras apresentam diversas manifestações patológicas,tais como: fissuras, rachaduras, perdas significativas do suporte, microrganismos, lacunas e intervenções restaurativas inadequadas. Esta pesquisa possibilitou o aprofundamento no estudo das esculturas em faiança, sendo estas uma pequena parte do acervo a céu aberto de Pelotas.O desenvolvimento desta visou contribuir para a valorização e a conservação do patrimônio cultural pelotense com um conhecimento técnico-científico de um tema tão pouco desenvolvido.
Palavras-chave: patrimônio edificado; esculturas em faiança; conservação e restauração.
Os Centros de Tradições Gaúchas e a salvaguarda dos bens culturais do Rio Grande do Sul
Leon Araújo (Mestre em História – MinC/Unesco)
Resumo: A presente comunicação propõe o diálogo e o debate sobre a participação dos Centros de Tradições Gaúchas (CTG) como espaços de salvaguarda de saberes tradicionais, técnicas de construção, modos de fazer, e formas de expressão do Rio Grande do Sul e do Brasil. No ano de 2017, o Ministério da Cultura com o apoio da Unesco lançaram chamada para a contratação de consultoria especializada, com vistas a dar suporte aos tradicionalistas gaúchos na elaboração da candidatura para reconhecimento dos CTG como espaços de boa prática de salvaguarda, junto a Unesco.
Tal consultoria, baseada em pesquisa de campo, tem apontado para uma série de práticas construídas pelos tradicionalistas que se constituem como métodos de salvaguarda daquilo que consideram “bens culturais” dos gaúchos. Tais métodos podem ser observados desde as escrituras e racionalização sobre os bens, as práticas de criarem rituais para a manutenção do mito/narrativa do gaúcho, até a participação política na defesa de determinados costumes e tradições. Mas há outras questões que nos desafiam a pensar os métodos de salvaguarda criados pelos tradicionalistas: será que os bens culturais foram/são alterados de forma substancial pelo tradicionalismo? O aspecto lúdico e institucionalizado transformou saberes e formas de expressão em espetáculos? Há mantenedores dessas formas de expressão e saberes fora e além dos CTG? Como eles são atingidos pela influência dos tradicionalistas? Qual é a atuação do tradicionalismo hoje no reconhecimento de “novas tradições”, ou na identificação e salvaguarda de novos patrimônios culturais?
Santuário Nossa Senhora da Conceição: patrimônio cultural religioso a ser explorado em aulas de história
Liana Barcelos Porto Mestre em Educação (UFPEL)
Resumo: O presente trabalho surgiu da necessidade de compreender como o patrimônio cultural e religioso vem sendo trabalhado nas escolas da sede da rede municipal da Cidade de Canguçu RS (Canguçu tem 33 escolas municipais, 6 localizadas na cidade e 27 no interior do município). Para tanto foram entrevistados seis professores de história dos anos finais do ensino fundamental das escolas situadas na cidade, esse recorte foi feito devido ao tempo dedicado para a pesquisa, bem como para facilitar a logística de deslocamento da pesquisadora.No alto do Cerro dos Borges foi construído o parque turístico (lugar belíssimo, pracinha, bancos, iluminação), com a estátua gigante (a maior existente no Brasil) de Nossa Senhora da Conceição. Todos os entrevistados foram unânimes em afirmar que trabalham apenas de forma bem superficial sobre o referido santuário, e a isso atribuem a falta de materiais, reconhecem que estes se fazem necessário, salientaram ainda que esse monumento ou mirante como muitos chamam é um ponto de turismo religioso ainda pouco explorado pelo município como um todo e em especial na educação patrimonial escolar. Pode-se concluir que o trabalho em questão foi bem pertinente, pois além de trazer visibilidade para um santuário tão bonito e de localização geográfica privilegiada, suscitou entre os sujeitos pesquisados uma reflexão das suas práxis indicando novos caminhos metodológicos e assuntos a serem abordados em sua disciplina.
Palavras – Chave: Patrimônio Cultural - Santuário – História.
O legado dos Machado: a memória do Museu das Missões
Micheli Martins Afonso (Mestra em Memória Social e Patrimônio Cultural)
Juliane Conceição Serres Primon (Doutora em História. PPGMP/ UFPel)
Resumo: Este artigo tem como objetivo discutir sobre a memória do Museu das Missões a partir do relato de Carlos Machado, filho de Hugo Machado, primeiro zelador desta instituição. O Museu se situa dentro de do Sítio Histórico de São Miguel Arcanjo, considerado pela UNESCO como Patrimônio Mundial. Em 2016 a instituição foi atingida por um tornado e parcialmente destruída, ficando fechada até setembro de 2017. A metodologia utilizada neste trabalho será pautada na revisão bibliográfica sobre o tema, a partir de relatos já documentados de Hugo Machado, e de entrevista realizada com Carlos Machado em São Miguel das Missões, no mês de julho deste ano. Hugo Machado teve um importante papel na memória do Museu das Missões, já que nos anos 40 foi o responsável por recolher a imaginária sacra que hoje faz parte do acervo da instituição, mas que na época estava em posse da comunidade da região. Segundo relato de Carlos Machado a sua família cuidava sozinha do museu e das obras de imaginária sacra, abrangendo ações de limpeza, segurança, registro de visitantes, preservação, dentre tantas outras tarefas museais. Os quadros sociais que definem a memória coletiva da cidade de São Miguel das Missões estão interligados à história da família Machado e conseqüentemente ao Museu das Missões, tendo em vista que a família residiu nas dependências da instituição até os anos 2000.
Palavras-chave: Memória; Preservação; Museu das Missões; Patrimônio Cultural.
“ALÉM-LAR”: A casa como intensificador cultural do museu
Tania Rajczuk Dombi (Mestre em Estudos Culturais - Universidade de São Paulo -USP)
Da histórica Casa de Anne Frank em Amsterdam, à casa do pintor Claude Monet na pequena cidade de Giverny, na França, passando pela Casa Azul da também artista Frida Kahlo, na cidade do México, as casas-museus representam atrativos urbanos não só por seus antigos habitantes, mas pela peculiaridade desta combinação de termos. Percebe-se a relação do proprietário com o lugar, seu modo de vida e como os afazeres domésticos se entrelaçam, havendo, inclusive, diálogos entre os casos apresentados. A ligação do escritor Mário de Andrade, por exemplo, com sua casa em São Paulo é considerada como “umbilical”. E se a casa de Anne Frank também pode ser compreendida como um ponto de interesse afetivo universal, atrelada à publicação de seu diário em mais de setenta idiomas, a de Monet parece se materializar a partir de suas pinturas, onde a casa é a inspiração para a criação. Já da relação entre o morador, a casa-museu e a cidade,é possível observações como a de que não só os cômodos da Casa Azul são “a cara” de Frida Kahlo, como hoje o museu é um dos mais representativos do México.Ainda que as casas-museus já não sejam mais uma novidade mesmo no Brasil (a Casa de Rui Barbosa existe desde 1930 no Rio de Janeiro), os exemplos aqui apresentados demonstram o quanto o fator casa influencia na concepção de museu, especialmente pelo envolvimento que o lar, a princípio um lugar particular, proporciona a um local público e a seus visitantes.
Palavras-chave: casa, museu, cultura.
Avenida Espanha: história, memória e patrimônio cultural em conflito no centro histórico do município de Arroio dos Ratos, Rio Grande do Sul
Alexsandro Witkowski (Mestrando em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
O objetivo do trabalho é refletir sobre as ações, disputas e conflitos entre os grupos sociais envolvidos e os valores de referência e testemunho da Avenida Espanha como patrimônio cultural do município de Arroio dos Ratos, RS. O foco da investigação decorreu de emenda parlamentar destinada ao seu revestimento, o que a descaracterizará e provocará poluição ambiental. Ressalta que se trata de espaço urbano reconhecido como patrimônio histórico da cidade, com referências ao meio ambiente natural, cultural e artificial, com assentamentos de reflexos urbanísticos, enquanto conjunto de edificações e equipamentos urbanos públicos. Destaca que o calçamento, feito com paralelepípedos artesanais, com materiais extraídos das jazidas de pedras de cantaria e transformados pelo ofício dos canteiros, se constitui numa referência histórica da época da emancipação do município. Avalia que alguns discursos de tombamento estão atrelados a processos opostos ao desenvolvimento das comunidades. Considera que a preservação se justifica na medida em que se volta para o desenvolvimento local de maneira sustentável. Ressalta que a proposta é reducionista em relação ao patrimônio cultural, atrelando-o apenas ao seu valor histórico, sem considerar questões que envolvem a memória e a identidade da comunidade. Conclui que o direito ao passado se traduz na emergência da preservação do patrimônio cultural, cuja função social, no caso da Avenida Espanha é pertencer a todos os grupos sociais do município.
Palavras-chave: Avenida Espanha. Memória. Preservação patrimonial.
“PATRIMÔNIO EM PEDAÇOS”: O Programa Praia Grande e a produção de políticas públicas de memória sobre o Centro Histórico de São Luís, Maranhão.
Ariadne Ketini Costa (Mestre/ UFPEL)
Maria Letícia Mazzucchi Ferreira (Doutora/ UFPEL)
Resumo: Esta comunicação pretende discutir as políticas públicas de memória produzidas acerca do Centro Histórico da cidade de São Luís no âmbito do Programa Praia Grande, através de propostas de revitalização do seu acervo arquitetônico. Definido como a formatação da memória oficial de um grupo, comunidade ou até mesmo de uma nação, a política pública de memória age sobre as representações dos membros de uma sociedade instaurando um regime memorial. Campo de percepções que define um momento ou fase da memória pública, a análise do regime memorial concebido em torno da revitalização do patrimônio histórico de São Luís permitirá um exame da participação dos agentes públicos envolvidos na execução do Projeto Praia Grande, no período de 1979 a 1991. Através do cruzamento dos discursos da imprensa local e dos documentos produzidos por arquitetos contratados pelo do Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís, analisaremos as representações produzidas pelos atores sociais envolvidos nesse processo.
Palavras-chave: patrimônio, políticas públicas de memória, Projeto Praia Grande.
Memórias afundadas e os balseiros das barrancas do rio Ivaí - Paraná
Bruna Morante Lacerda Martins (Doutoranda em Geografia da Universidade Estadual de Maringá. Professora Colaboradora da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão. CAPES.)
Henrique Manoel da Silva (Doutor em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor Associado da Universidade Estadual de Maringá)
Resumo: O patrimônio ambiental desenvolve um importante papel para o conhecimento, preservação e a manutenção dos vínculos de pertencimento do homem com território vivenciado em uma continuidade do tempo, já que as transformações dos elementos naturais em bens ambientais são provenientes das identidades e memórias dos grupos e sujeitos históricos (SCIFONI, 2006). Neste ínterim, pretendemos analisar a importância do rio Ivaí, localizado no estado do Paraná, como patrimônio ambiental por formar uma bacia hidrográfica genuinamente paranaense e por ser um lugar de encontros e transposições de populações, isto que o torna um rio “intocado” das paisagens de águas turvas, abundante em frutas ácidas e banhado por um legado vivo. Para tanto, o procedimento metodológico está pautado em levantar as memórias orais e fotográficas de balsas e balseiros existentes em dez pontos ao longo dos 385 km de extensão do curso fluvial. A relevância em estudar as balsas e balseiros se faz por se constituírem em testemunhos da formação das pequenas cidades, fato que reforça a tese do rio na qualidade de patrimônio ambiental. Observamos que, há o esquecimento por parte dos órgãos de preservação em salvaguardar o ofício do balseiro e preservar as balsas como representativas do processo histórico de ocupação, no qual a principal função do rio Ivaí esteve em oferecer o caminho, o refúgio e o alimento para as populações do seu entorno.
A teoria cidade jardim no urbanismo de Pelotas
Danielle Souza da Silva (Arquiteta e Urbanista – Universidade Federal de Pelotas)
As teorias urbanas são importantes e devem ser estudadas e analisadas pelo valor propositivo que tiveram ao longo da história como instrumento de configuração da cidade em prol da melhoria da vida urbana. No início do século XX, os conceitos inovadores da teoria da Cidade Jardim, como instrumento de política urbana no controle do desenvolvimento físico-espacial e como organizador do espaço da cidade, que sofria com problemas gerados pela Revolução Industrial, refletiram-se em diversos planos urbanos de vários países. Em Pelotas, como em outras cidades do Brasil, com o crescimento urbano tornou necessário transformações do seu tecido. Se as primeiras concepções urbanísticas adotaram o traçado ortogonal como elemento estruturante da cidade, o Plano Geral de Pelotas (1922), idealizado pelo arquiteto Fernando Rullmann, e no Plano de Expansão (1927) elaborado pelo engenheiro Saturnino de Brito, chegaram até o sul do Brasil trazendo novos traçados que geraram novas formas do espaço urbano. Assim, têm-se como objetivo do trabalho desvendar quais sentidos e significados essas novas ideias urbanísticas trouxeram para a cidade de Pelotas. Para isso, pretende-se estudar a teoria da Cidade Jardim, que estava sendo muito disseminada na época, e a morfologia urbana desenvolvida nos dois planos.
Palavras-chave: Teoria Cidade Jardim; Plano Geral de Pelotas; Plano de Expansão de Pelotas.
Atlas Digital do Patrimônio Arqueológico de Pelotas, RS.
Estefania Jaekel da Rosa (Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural – UFPEL;Mestranda em Antropologia com linha de formação em Arqueologia – UFPEL; Licenciada em História – UFPEL. Sócia-diretora da empresa Híbrida Arqueologia e Gestão Cultural Ltda.)
Gil Passos de Mattos (Mestre em Antropologia com linha de formação em Arqueologia – UFPEL; Licenciado em Geografia – UFPEL; Bacharel em Geografia – UFPEL. Sócio-diretor da empresa Híbrida Arqueologia e Gestão Cultural Ltda.)
Resumo: A presente comunicação irá apresentar o projeto desenvolvido para o Programa PROCULTURA Pelotas 2017, intitulado Atlas Digital do Patrimônio Arqueológico de Pelotas, RS, o qual tem por objetivo elaborar um material didático ilustrado em mídia digital, visando estimular o conhecimento e a preservação do Patrimônio Arqueológico do município, por meio de cartografias lúdico-pedagógicas com informações sobre as ocupações pré-coloniais e históricas do território pelotense. A metodologia aplicada consistirá na consulta, registro e sistematização dos dados provenientes de estudos desenvolvidos pelos laboratórios e núcleos de pesquisas arqueológicas ligados ao curso de Arqueologia da UFPEL. A partir dos dados consultados nas instituições realizaremos vistorias nos sítios arqueológicos, com o objetivo de georreferenciar e fotografar as condições atuais de preservação dos sítios. Durante essa etapa, realizaremos entrevistas com os moradores do entorno das áreas de potencial arqueológico, bem como os agentes dos diversos segmentos culturais, no intuito de observar as percepções da comunidade pelotense sobre o Patrimônio Arqueológico local. A sistematização desses dados resultará num banco de dados em SIG (Sistema de Informação Geográfica) e num Atlas Digital em CD, reunindo todas as informações disponíveis sobre os sítios arqueológicos do município, com informações sobre as pesquisas, fotos e relatos da comunidade, apresentando textos sucintos de linguagem didática, tornando o conhecimento acessível ao púbico em geral, incentivando assim a valorização da Memória e do Patrimônio Pelotense.
Palavras-Chave: Patrimônio Arqueológico; SIG; Pelotas, RS.
CASOS DA INCIDÊNCIA DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL TRANSNACIONAL EM CIDADES DE FRONTEIRA
Ivana Morales Peres dos Santos (Doutora em Memória Social e Patrimônio Cultural peloPPGMP/UFPEL; Assistente na Promotoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul.)
Renata Ovenhausen Albernaz (Doutora em Direito pela UFSC; Professora do Quadro Permanente no PPGMP/UFPEL; Professora da EA/UFRGS nos cursos de Administração e de Administração Pública e Social.)
Resumo: Esta pesquisa pretende abordar a atuação das instituições internacional de proteção ao patrimônio cultural, especificamente a UNESCO e o MERCOSUL, nas propostas de um regime de cooperação internacional em processos de patrimonialização, preservação e gestão do patrimônio cultural em cidades de fronteira ou em bens transnacionais que as perpassam. O objetivo é verificar a potencialidade desse regime internacional em facilitar a proteção patrimonial nas cidades sedes desses bens, e seus desafios em termos de coordenação política entre ação internacional, nacional e governo local. Para desenvolver essa discussão são apresentados alguns casos de cooperação internacional em bens patrimoniais transnacionais, objetivando elencar algumas soluções dessa coordenação política. São eles: 1) osCaminhos de Santiago de Compostela (Espanha e França), Itinerário Cultural, que foram declarados, em 1985, pela UNESCO, como Patrimônio da Humanidade; 2) o Parque Nacional do Iguaçu – patrimônio transnacional que também segue as recomendações da UNESCO e que envolve vários acordos bilateriais entre Brasil e Argentina e entre as cidades envolvidas; 3) a ação da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), na fiscalização das políticas públicas culturais na Espanha e em países influenciados pela cultura espanhola, e que tem uma ação, o PLAN MISIONES, desenvolvido em cidades de países da América Latina; 4) a Ponte Internacional Barão de Mauá, patrimônio do MERCOSUL, envolvendo esse organismo, os países Brasil e Uruguai, e as prefeituras de Jaguarão e Rio Branco.
Palavras Chave: Patrimônio Transnacional; Cooperação Internacional; Coordenação Política.
PERCURSOS METODOLÓGICOS PARA A ELABORAÇÃO DE MAPAS NOSTÁLGICOS
Karla Nazareth-Tissot (Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural – UFPEL)
Resumo: No livro, “De que tempo é esse lugar?”, o urbanista Kevin Lynch argumenta que para o bem-estar do indivíduo no meio onde vive, a qualidade da imagem do tempo é tão importante quanto à imagem do espaço físico em si. Isto é, quando o tempo incorporado ao ambiente corresponde às experiências e às expectativas temporais dos indivíduos, “sente-se em casa no tempo” e, consequentemente, no lugar ou lugares que o incorporam. Para essa investigação, definiu-se o “lugar nostálgico” como a categoria para analisar a qualidade temporal na cidade de Pelotas (RS), além do mapeamento desses lugares (assim como as diversas nuances do sentimento, bem como, as experiências no espaço urbano), como a metodologia indicada para a visualização e análise da presença das temporalidades (que fazem bem re-viver ou não) na cidade. O mapa foi construído a partir de pesquisa de campo e entrevistas semi-estruturadas acerca das lembranças de infância de respondentes nascidos entre 1977 e 1982 (n=10) e de suas percepções sobre Pelotas nos dias de hoje. Por ter sido uma amostra muito restrita, espera-se que todas as etapas e ferramentas elaboradas para essa pesquisa possam ser utilizadas entre outros grupos de pessoas de diferentes faixas etárias e classes socioeconômicas. Com isso, um mapeamento com maior representatividade da população total da cidade poderá fornecer valiosas indicações a respeito da(a) imagem(ns) temporal(is) que mais identifica(m) Pelotas, ajudando, portanto a orientar questões sobre preservação, restauração, renovação, entre outras.
Palavras-chaves: Nostalgia. Mapeamento. Metodologia.
Morro Redondo - Aspectos da construção de uma identidade local
Márcio Dillmann de Carvalho (Doutorando no PPG Memória Social e Patrimônio Cultural UFPel)
Resumo: Este artigo está vinculado à pesquisa que está sendo realizada no doutorado do Programa de Pós-graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da UFPel – Universidade Federal de Pelotas, trabalho esse que tem como essência o município de Morro Redondo no Rio Grande do Sul. A cidade de Morro Redondo está localizada a cerca de 300 quilômetros de Porto Alegre e tem cerca de cerca de 7 mil habitantes, o local tem suas origens formatadas em torno de uma diversidade étnica, onde historicamente ligam-se entre as sesmarias de colonos portugueses, os remanescentes quilombolas e o processo de imigração de italianos e alemães. Antigo 8º distrito da cidade de Pelotas, que fora emancipado por plebiscito popular em busca de melhores condições de trabalho e saneamento básico no ano de 1988. O objetivo é descrever e identificar alguns elementos dessas representações étnicas que podem caracterizar a evidência de uma identidade local, buscando compreender como são utilizados os elementos e memórias do passados para construir uma cidade no presente, propondo fazer uma reflexão sobre a identidade local sua relação com os lugares de memória e o patrimônio cultural reconhecido ou escolhido pela sociedade.
Palavras-chave: Cidade, Identidade, Patrimônio.
CONSTRUINDO UM PATRIMÔNIO AFETIVO
Milena Behling (Mestranda -Ufpel)
Diego Ribeiro (Doutor -Ufpel)
Resumo: Este trabalho é o recorte de uma pesquisa de mestrado que se encontra em desenvolvimento e pretende identificar os patrimônios afetivos da cidade de Morro Redondo-RS. Esta identificação partirá da evocação das lembranças de idosos da cidade. Porém, para se chegar ao objetivo da pesquisa é necessário o entendimento do que definimos por patrimônio afetivo, que será tratado neste artigo. Conceito que está sendo desenvolvido primeiramente com base nos pensamentos de Spinoza (1677) que define afeto como sendo um estado da alma, um sentimento, uma mudança ou modificação que ocorre simultaneamente no corpo e na mente. O foco deste estudo extrapola os limites do patrimônio convencional, do mesmo modo que não se limitará à materialidade. Interessa-nos aqui tudo aquilo que seja relatado pelos idosos e faça parte da cultura, de suas relações sociais e simbólicas. Muitos dos objetos, lugares, festas entre outros podem ser identificados como patrimônios afetivos, por meio de sua ressonância. Pois como Gonçalves (2005, p.22) nos diz eles efetuam mediações “entre o passado e o presente, entre o imaterial e o material, entre a alma e o corpo, entre outras”. Neste sentido, a partir do arrolamento desse patrimônio afetivo, abre-se novas rotas para observar e representar a cidade; cria-se uma via alternativa ao processo de patrimonialização convencional, à tangente das agências do Estado, de modo a incorporar as expressões, representações e vivências das comunidades em relação ao espaço urbano. O patrimônio afetivo, por esse turno, penderia mais ao universo do sensível (imaginação) do que propriamente ao campo objetivo.
Palavras chave: patrimônio; afeto; idoso.
A POTENCIALIDADE DOS CENTROS CLANDESTINOS DE REPRESSÃO ENQUANTO LUGARES DE MEMÓRIA
Nadine Mello Pereira (Licenciada em História pela Universidade Federal de Pelotas)
Resumo: Durantes os anos 1964 a 1985 o Brasil esteve mergulhado em uma ditadura civil-militar. Em sua totalidade os períodos ditatoriais são marcados pela supressão de direitos e pelas arbitrariedades praticadas pelo Estado, dentro desse contexto, o Brasil fez uso de centros clandestinos de repressão montados para colocar em prática alguns dos pilares da lógica repressiva estabelecida pelas Forças Armadas. Encarceramento, tortura e execução de opositores políticos eram os objetivos por detrás da criação e manutenção dessa estrutura paralela montada clandestinamente pelo Estado brasileiro. Segundo dados apresentados no relatório final da Comissão Nacional da Verdade, tiveram funcionamento onze centros clandestinos de repressão espalhados por oito estados brasileiros. Mesmo passadas mais de três décadas desde o fim do regime militar, ainda hoje o uso que o aparato repressivo fazia desses centros clandestinos permanece desconhecido para a maioria da população, sendo que nenhum destes espaços recebeu uma sinalização oficial, ou seja, nenhum foi convertido em espaço voltado para a rememoração dos atos acontecidos no passado.Entendendo os antigos centros clandestinos como locais simbólicos e fortemente marcados por memórias traumáticas, faz-se necessário refletir acerca do potencial destes locais enquanto possíveis lugares de memória. Dessa forma, o objetivo deste trabalho será o de analisar o potencial memorialístico dos centros clandestinos, levando em consideração que refletir sobre a emergência de novos lugares de memória da ditadura é também refletir sobre justiça de transição, reparação à memória dos que sofreram e a dívida que o Brasil possui com sua sociedade e sua história.
Palavras-chave: ditadura civil-militar; centros clandestinos; lugares de memória.
Cidades históricas, patrimônio e memória: um estudo comparativo entre Laguna/SC e Pelotas/RS.
Priscila Maria Dias Bertoncini (Mestranda -UFPel)
Resumo: Esta pesquisa faz parte da dissertação em andamento no mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural oferecido pelo Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas, que se constitui num estudo crítico e comparativo a cerca da gestão da conservação das cidades históricas de Laguna, em Santa Catarina, e Pelotas, no Rio Grande do Sul.Laguna alcançouo título de cidade em 1720; Pelotas,em 1835. As duas localidades se desenvolveram, sobretudo, durante o final do século XIX e início do XX. Ambas tiveram um período de estagnação econômica a partir dos anos de 1930, o que corroborou para a escassa especulação imobiliária e para a perpetuação de edifícios peculiares às linguagens arquitetônicas: luso-brasileira, eclética, art déco e protomoderna. O conjunto edificado nos dois centros urbanos, que sobreviveu às demolições e reformas executadas nas fachadas dos prédios, a partir da segunda metadedo século XX acendeu à condição de patrimônio – reconhecidos pelas comunidades nos dois locais, decorrentes de estudos desenvolvidos nas Universidades: UFSC e UFPel. Daí em diante, nas duas urbes foram criadas políticas públicas para a conservação desses bens materiais. A comunicação proposta objetiva apresentar algumas iniciativas para a preservação dos sítios históricos e de zonas de proteção mapeadas nos dois lugares, e outras – decunho teórico – que divulgaram as peculiaridades dos prédios característicos dessas linguagens arquitetônicas e decorreram em propostas do IPHAN e das Secretarias de Cultura – cursos, congressos, palestras – para a sensibilização das comunidades com relação à apropriação e respeito com esses bens.
Palavras-chave: Patrimônio; Arquitetura; Preservação de sítios históricos.
La Città di Pelotas: Outros Olhares A Partir Dos Relatórios Dos Cônsules Italianos (Fins Do Século XIX E Início Do XX).
Renata Brião de Castro (Doutoranda em Educação Universidade Federal de Pelotas)
Patrícia Weiduschadt (Doutora em Educação Universidade Federal de Pelotas)
Resumo: O objetivo deste texto é analisar o município de Pelotas por meio dos Relatórios dos Cônsules Italianos no Brasil. Assim, a partir das fontes estuda-se como os imigrantes italianos instalaram-se no meio urbano do município. Esses documentos datam do final do século XIX e início do século XX. É importante ressaltar que este estudo está dentro de uma pesquisa maior, a qual busca investigar as escolas étnicas italianas no município de Pelotas. Assim, a partir dos Relatórios é possível identificar como os cônsules italianos enxergavam o município de Pelotas neste período de tempo. Os Relatórios foram produzidos pelos representantes diplomáticos italianos no Brasil com o objetivo de o governo italiano acompanhar o que acontecia em cada colônia. A publicação tinha como objetivo divulgar dados comerciais e estatísticos dos países onde houve imigração italiana. A partir de 1888, a publicação passou também a publicar todas as notícias referentes ao ministério e não somente informações comerciais. A perspectiva teórica e metodológica do trabalho está inserida dentro da história cultural (BURKE, 2005; CERTEAU, 1982). Como suporte teórico apoia-se em autores que abordam imigração, grupos étnicos e identidade italiana (TRENTO, 1989; IOTTI 2011; BARTH, 2011; POUTIGNAT E STREIFF-FENART, 2011; HALL, 2014).
Palavras-chave: Município de Pelotas; imigração italiana; núcleo urbano.
COMENSALIDADESE A INVENÇÃO DO SABER-FAZER DO CARNEIRO NO BURACO DE CAMPO MOURÃO – PR
Bruna Morante Lacerda Martins (Doutoranda em Geografia da Universidade Estadual de Maringá. Professora da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão.)
Resumo O reconhecimento do saber-fazer do Carneiro no Buraco de Campo Mourão - PRnos chama atenção para refletirmos sobre a interface entre a comensalidade e o patrimônio imaterial como objetos problematizadores da sociedade, os quais demonstram as malhas dos poderes culturais, políticos e econômicos diante da partilha da comida. Esse prato, consumido anualmente em uma festividade, desde a década de 1990, adquiriu repercussão regional e passou a ser divulgado como uma referência gastronômica paranaense, embora tenha sido inventado no ano de 1962, a partir de experiências culinárias de residentes de Campo Mourão. Neste texto, objetivamos explicar como se deu a invenção da iguaria a começar pela preparação dos ingredientes, técnica de preparo até maneira de servi-lo, bem como demonstraremos as transformações e as incorporações de elementos na receita durante as comensalização do prato mediante a análise de legislações, fotografias e entrevistas entre período de 1962 a 2014. A relevância dessa abordagem se deve ao fato de que ao inventar tradições (HOBSBAWM; RANGER, 1997) por meio da comensalidade da iguaria valida o intento de forjar a construção de uma identidade e reforçar as relações de alguns grupos influentes presentes na Festa do Carneiro no Buraco. E como consequência, valida a urgência do uso do patrimônio cultural para fortalecer os laços de pertencimento entre o cidadão e o município, entre a região e o Estado.
Palavras-chave: Comensalidade; Saber-fazer; Carneiro no Buraco;
Museus de consciência: O traumatismo posto em valor
Daniele Borges Bezerra (Mestra em Memória Social e Patrimônio Cultural. PPGMP/ UFPel)
Juliane Conceição Serres Primon (Doutora em História. PPGMP/ UFPel)
Resumo: Em se tratando de lugares que testemunham o sofrimento humano, independente da natureza das experiências traumáticas, há uma tendência contemporânea em fazer frente ao esquecimento. Nesse processo, o reconhecimento patrimonial dos lugares, com o tombamento e a criação de museus e memoriais, tem por objetivo evitar a ocultação do passado doloroso e promover uma reflexão, juridicamente embasada nos direitos humanos e moralmente pautada na empatia, pois o patrimônio doloroso que os bens testemunham torna-se ícone dos crimes cometidos e do sofrimento das vítimas. As instalações artísticas, recurso expositivo presente nos museus de memória contemporâneos, podem ser consideradas, sob esse prisma, como uma metodologia para se pensar a exposição de memórias difíceis a partir da qual é possível gerar arquivos e expor memórias sem domesticar as narrativas. Nesse trabalho discutiremos alguns lugares de memória, também conhecidos como “museus de memória” ou “museus de consciência”, suas escolhas narrativas, contribuições e conflitos no que tange à transmissão de memórias fraturadas. Salvar do esquecimento, tornar público e educar para o futuro, são intenções que exprimem o imperativo moral de tais lugares e o desejo de responder a um dever de memória. No entanto, a difusão vertiginosa dessa tipologia de museus observada no tempo presente evidencia um sintoma contemporâneo, que está diretamente relacionado à exposição dos traumas.
Palavras-chave: Dispositivos de memória; Memórias difíceis; Patrimônios ambíguos.
Viajantes literários da Surdez
Diogo Souza Madeira (Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural/UFPel)
Resumo: Este trabalho tem como objetivo reunir as produções literárias dos viajantes literários da surdez, considerando como patrimônios imateriais, tanto impressos como digitais com os aportes teóricos de Lodenir Karnopp (2006), Paul Ricoeur (1994), Marta Bernandette Porto (2009), Gustavo V. García (2003) e Jaime Ginzburg (2008), autores que abordam a memória e o testemunho, para investigar as representações dos viajantes. Portanto, por meio da seleção de textos literários para uma análise que possibilita inferir sobre a função de escrita real deles. A ideia de investigar esta seleção é compreender porque os viajantes literários como memórias surdas são invisíveis para a sociedade majoritária e explorar o conceito de viajante da literatura. Quem é viajante textual desempenha a função de traduzir o que encontrar de relevante de forma literária; assume o papel de condutor de memórias e referências culturais, literárias e identitárias. Porto (2009, p.39) que discute as identidades em trânsito, afirma que o envolvimento de práticas transculturais que viajantes textuais têm como parte do testemunho, as vivências em relação à surdez que os viajantes literários vêm registrando são utilizadas conotativamente e denotativamente em seus textos. Karnopp (2006, p.100) ressalta que “a literatura do reconhecimento é de importância crucial para as minorias linguísticas que desejam afirmar suas tradições culturais nativas e recuperar suas histórias reprimidas”, o que vale também para os viajantes literários da surdez que produzem suas prosas e poesias em Língua Portuguesa.
Palavra-Chave: Memória. Literatura. Testemunho.
O ÁLBUM/LIVRO DA FAMÍLIA: fotografias e memórias inseridas nas páginas da vida de uma guardiã
Frantieska Huszar Schneid (Doutoranda PPG Memória Social e Patrimônio Cultural- UFPel)
Francisca Ferreira Michelon (Doutora e Docente do PPG Memória Social e Patrimônio Cultural - UFPel)
O indivíduo ao longo de sua trajetória, apega-se à objetos, que acabam sendo uma conexão entre as pessoas da família, muitas vezes herdados pelas gerações mais novas ou entregues às pessoas muito próximas à família.Lugares de memórias, evocadores do passado, narradores de histórias, os objetos desempenham atividades relevantes na construção de identidades dos sujeitos. Esta relação dos objetos com o passado e os elos de ligações entre gerações futuras que é analisado neste artigo, o qual busca abordar discussões acerca do que chamamos de álbuns/livros de famílias. Além da visualidade/materialidade impregnada no álbum, busca-se trabalhar com a oralidade – narrativas da guardiã - pois entende-se que ambas cumprem diferentes funções no processo de comunicação e de construção de memórias coletivas. A intenção de tal estudo é justamente trabalhar o que muitos procedimentos de pesquisa, ditos científicos procuram evitar: memórias, experiências de fatos vivenciados pela informante da pesquisa e reinterpretados a partir do momento presente.A entrevista com a guardiã, determina a estrutura da composição do corpus bem como a ressignificação do objeto para a sua condição de mensagem que se processa através do tempo. Os procedimentos metodológicos adotados empregam técnicas utilizadas na história oral, a partir de entrevista semi-estruturada, com perguntas abertas – permitindo à entrevistada relembrar os usos e costumes de uma época distante, mas ainda presente na memória. Para realizar esta pesquisa percebeu-se a importância dos dois recursos: o álbum/livro de família e a narrativa da informante.
Palavras-chave: álbuns/livros de família; guardiã de memória; objetos.
MEMORIAL HCI O Imaterial na Materialidade
Helena Thomassim Medeiros (Mestranda do PPGMP, UFPel)
Juliane Conceição Primon Serres (Doutora em História, UFPel)
Resumo: O Hospital Colônia Itapuã (HCI) foi inaugurado em 1940, com o intuito de ser a morada de milhares de pacientes com hanseníase, considerando que hoje alguns deles ainda residem no local. Posteriormente,a partir do ano de 1972, passou a atender também pacientes portadores de sofrimento psíquico, provenientes do Hospital Psiquiátrico São Pedro. Sendo parte da história da saúde público do Rio Grande do Sul e do Brasil, à medida em que surge a partir de uma política do governo federal para evitar a proliferação da hanseníase, essa instituição ganhou um espaço de memória destinado a representar sua trajetória em 2014. Este artigo é parte de uma dissertação que está em processo de desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas. Tendo como objetivo perceber o papel da imaterialidade, enquanto construtora de conceitos e preconceitos, dentro da materialidade representada pelos objetos expostos no Memorial do Hospital Colônia Itapuã. A metodologia utilizada visa a análise dos ambientes e escolhas expográficas na representação do cotidiano do HCI, utilizando para isso dados referentes a pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Percebendo que uma exposição é formada por escolhas definidas a partir de recortes temáticos, estes são estabelecidos afim de transmitir ao público uma mensagem. Desta forma, a materialidade do acervo destina-se a representar conceitos imateriais. No Memorial em questão encontram-se atreladas a estas decisões o imaginário social referente ao HCI e ao estigma associado a doença hanseníase, antigamente conhecida como lepra.
Palavras-Chave:Expografia.Imaterialidade. Memorial Hospital Colônia Itapuã.
MEMÓRIA E LITERATURA: SOBRE UM LIVRO DE ARTE USADO
José Paulo Siefert Brahm (Mestre, UFPel)
Diego Lemos Ribeiro (Doutor, USP)
Davi Kiermes Tavares (Mestre, UFPel)
Resumo: O livro é uma das fontes mais ricas de que o pesquisador dispõe. Nele, encontram-se as ideias do seu autor, as marcas do lugar social de onde escreveu, os indícios de produção e de venda, a materialidade e o simbolismo que lhe é atribuído. Além disso, principalmente o livro usado, exposto em “sebos” (físicos ou virtuais) como suporte de memória, traz consigo: lembranças sobrepostas(de seus donos anteriores e atuais), marcas humanas (rabiscos, assinaturas, rasgos), afeto (em forma de dedicatória), marcas do tempo (poeira, desbotamento, enrugamento); acena percurso e associações entre humanos (sujeitos) e não-humanos (os livros) e, igualmente, as mediações das sociabilidades entre atores humanos estabelecidas por um ator não-humano através do tempo e do espaço. Analisar o envolvimento de livros usados com sujeitos, o qual reflete uma relação entre memória e literatura, a partir da tentativa de reconstrução da biografia de um determinado livro e da trajetória de um seu exemplar até o “sebo”, onde foi adquirido, é o objetivo principal do artigo. Latour (2012), Appadurai (2008),Gell (1998), Stallybrass (2008), Bonnot (2004), entre outros, são autores nos quais a argumentação se apoia.
Palavras-chave: Biografia dos objetos, sociabilidade, Clarival do Prado Valladares.
A PRESENÇA FEMININA NA PRODUÇÃO DE ARTEFATOS NO RIO GRANDE DO SUL
Letícia de Cássia Costa de Oliveira (Mestranda em Museologia, Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio, Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Ana Maria Dalla Zen (Doutora em Comunicação, Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio, Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Resumo: Este trabalho se propõe a analisar a contribuição da produção de artefatos pela mulher rio-grandense como patrimônio cultural imaterial do Estado do Rio Grande do Sul, a fim de identificar as relações afetivas, sociais e de memórias que são construídas no entorno dos fazeres e saberes femininos. Para investigar os processos de transmissão dos conhecimentos resultantes dessas práticas, será utilizada a metodologia da história oral, sob a forma de rodas de memória e grupos focais, cujos resultados, para salvaguarda, serão transformados em uma produção audiovisual. Enfatiza o papel da produção de artefatos na história cultural do Rio Grande do Sul e de sua presença na formação das mulheres gaúchas. Destaca que os artefatos, em contextos específicos, se tornam peças essenciais para a história cultural de comunidades e regiões. Analisa como o ensino de prendas domésticas se tornou um padrão de educação feminina, e a sua prática como apoio ao trabalho doméstico feminino. Situa a prática de produção artesanal como representação de inferioridade feminina, no contexto histórico do RS, em que foi considerado muitas vezes como um trabalho inculto, exercido somente por mulheres. Conclui que na contemporaneidade, em decorrência dos diferentes posicionamentos da mulher na sociedade e das mudanças das práticas culturais consideradas femininas, surgiram novas relações entre a mulher e a produção de artefatos, numa nova configuração do lugar e do espaço feminino. E que, na patrimonialização desses saberes, novas perspectivas devem ser consideradas, exigidas pelo processo de crescente, complexo e diferenciado empoderamento feminino que se consolida na atualidade.
Palavras-chave: Patrimônio imaterial. Artesanato. Artefatos femininos no RS.
SABERES, FAZERES & AÇÃO EDUCATIVA: REFLEXÕES EM TORNO DE UMA EXPERIÊNCIA DE PATRIMONIALIZAÇÃO DO OFÍCIO DOS BALSEIROS DE ITÁ, SANTA CATARINA
Lilian Santos da Silva Fontanari (Mestranda do Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio, Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Ana Maria Dalla Zen (Professora titular, Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio, Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Resumo: O objetivo deste trabalho é refletir sobre os sentidos e usos associados à preservação da prática dos balseiros que atuaram na década de 1920 em Itá, Santa Catarina, cujos saberes e fazeres vêm sendo (re)afirmados pelo Museu do Balseiro (MB). Propõe-se a recuperação da contribuição desse ofício como patrimônio cultural da região, pela produção de artefatos, meios de transporte e ferramentas de trabalho, apesar dos impactos da ação madeireira no meio ambiente. A fundamentação teórica baseia-se na Museologia Social, na História Oral e na Educação Para o Patrimônio. A metodologia inclui pesquisa documental e rodas de conversa com antigos balseiros, para a execução de um projeto de ação educativa com alunos do quarto ano da Escola Municipal Valentin Bernardi, para a fabricação de réplica de uma balsa. Analisa os resultados da experiência como ação de educação para o patrimônio, a partir das narrativas dos professores e alunos participantes, reunidas no momento de seu reencontro com a obra exposta no MB. Discute as relações entre apropriação, patrimônio cultural material e imaterial, preservação e identidade para compreender como elas se apresentam e se constituem no processo educativo. Problematiza as ações de recuperação e de preservação do patrimônio cultural imaterial dos balseiros na rede de ensino, e como estas têm sido negociadas e associadas à história local. Conclui que a experiência se constituiu numa atividade de ação educativa e cultural, útil como estratégia de recuperação de memórias e de educação para o patrimônio, através da apropriação de elementos da cultura do colonizador.
Palavras-Chave: Museologia Social. Patrimônio cultural imaterial. Museu do Balseiro de Itá.
O patrimônio imaterial nas Cartilhas do Monumenta
Raryana Duarte Marth (Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural Universidade Federal de Pelotas/UFPel)
Carla Rodrigues Gastaud (Doutora em Educação Universidade Federal de Pelotas/UFPel)
Resumo: A criação dos livros didáticos “Somos! Patrimônio Cultural De Pelotas” e “Pelotas Uma História Cultural”, referentes à história da cidade e seus patrimônios, foi um dos projetos desenvolvidos no contexto do Programa Monumenta na cidade de Pelotas/RS. Estas cartilhas, objetos de estudo desta pesquisa, foram desenvolvidas no ano de 2009 sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura de Pelotas, uma destina-se às séries iniciais e a outra às séries finais. O material foi distribuído para todas as escolas municipais e também está disponível no site da Prefeitura Municipal de Pelotas.A cartilha para as séries iniciais aborda a história da cidade através de diálogos entre dois principais personagens - Tonho e Carol -, com seus familiares, amigos e professores.O livro direcionado às séries finais tem seus temas apresentados por três personagens - Mariana, Manu e João Pedro -, através de crônicas.Os livros abordam a história da cidade, trazem os conceitos de cultura, memória, identidade, patrimônio histórico, ambiental, vivo, material e imaterial. Assim, busca-se identificar o conceito de patrimônio imaterial nestes livros, o modo como este é abordado e quais os exemplos destacados.
A atuação de José Rodeghiero na Escola Garibaldi durante os anos de 1929 a 1950
Renata Brião de Castro (Doutoranda em Educação - Universidade Federal de Pelotas)
Patrícia Weiduschadt (Doutora em Educação - Universidade Federal de Pelotas)
Resumo: Esse texto tem como objetivo refletir sobre a permanência de um professor em uma escola rural, a saber, o professor José Rodeghiero. Esse permaneceu na Escola Garibaldi durante os anos de 1929 a 1950. Assim, a presente pesquisa trazer alguns indícios da atuação desse professor, a qual está alinhada à participação comunitária do docente na localidade. Observa-se que após a saída do professor Rodeghiero da escola, houve grande rotatividade de professores. O estudo está dentro da área de História da Educação e como categorias de análise ressalta-se a identidade e a identidade étnica (BARTH, 2011; POUTIGNAT E STREIFF-FENART, 2011; HALL, 2014), uma vez que o professor era de descendência italiana, assim como a comunidade da Colônia Maciel, região da escola. Como fontes para a pesquisa serão utilizados: jornais locais, entrevistas realizadas com ex-alunos da Escola e, sobretudo, o manuscrito produzido pelo professor José Rodeghiero. Dessa forma, realiza-se uma discussão sobre memória e escrita. A partir deste manuscrito é possível realizar uma série de problematizações sobre o período de atuação do professor na localidade, bem como a participação comunitária do docente.
Palavras-chave: Atuação docente; Escola Garibaldi; José Rodeghiero.
A FESTA DA CIDADE O que dizem as vozes do carnaval do centro tradicional de Laguna - SC
Renata Rogowski Pozzo (Doutora em Geografia. Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Estado de Santa Catarina).
Raiane Burato Cardoso (Graduanda em Arquitetura e Urbanismo. Universidade do Estado de Santa Catarina).
Danilo Oliveira Adriano (Graduando em Arquitetura e Urbanismo. Universidade do Estado de Santa Catarina).
Resumo: O centro tradicional da cidade de Laguna-SC abrigou por mais de um século as diversas facetas da celebração do carnaval, iniciando com o Zé-Pereira, passando pelas Sociedades Carnavalescas, os Blocos e chagando às Escolas de Samba. Este centro integra uma poligonal de tombamento a nível federal, desde 1985, composta por 600 edificações. A partir de 1960, quando forma-se a figura da Escola de Samba, esta festa dá vida noturna ao centro tradicional durante os ensaios de bateria, e movimenta a cultura popular nas comunidades ligadas à esta tradição. Mesmo após esta relação de longa data, a celebração do carnaval não foi incorporada simbolicamente à noção de patrimônio atribuída ao conjunto histórico do centro. Diante desta percepção, a questão colocada é a seguinte: "Por que o carnaval, enquanto festa popular e prática do espaço, não faz parte do imaginário do patrimônio tombado do centro tradicional de Laguna-SC?". Na pesquisa, elaboramos a ideia de que não é efetivo pensar o espaço tombado alheio às práticas sociais envolvidas nele. Interpretamos que a realização da celebração do carnaval no espaço do centro, atribui a este a simbologia do lugar, o espaço praticado. As festas, entendidas como ativadoras de relações, evidenciam o conteúdo humano do patrimônio. Festejar o carnaval é uma forma de cidadania no espaço, e, quando este integra uma malha tombada, é fundamental que a celebração seja incorporada ao sentido de patrimônio, para a própria democratização do mesmo.
Palavras-chave: Carnaval. Centro Tradicional. Patrimônio Imaterial
ARIANO SUASSUNA: UMA OBRA PARA ALÉM DOS LIVROS
Roberta Fernandes Fajer (Mestra em Memória Social e Bens Culturais pela UNILASALLE – Servidora do Museu da UFRGS)
Resumo: Ariano Suassuna foi considerado um dos maiores dramaturgos brasileiros quando ainda era muito jovem. Poeta, dramaturgo, romancista, artista plástico e professor, assumiu a missão de defender a cultura nacional – nosso maior patrimônio –, fazendo dela o cerne de sua vida. Nessa missão, foi muitas vezes criticado e incompreendido por sustentar suas convicções. Uma das coisas a que ele mais se opunha era a cultura de massa, pois afirmava que arte para ele não era um negócio, era missão, vocação e festa. Essa discordância fez com que um longo tempo se passasse antes de ele permitir a aproximação de suas obras com a indústria cultural– principalmente com a televisão –, que entendia não ter condições de manter os princípios que ele trazia em sua poética. E dos quais ele não abria mão. Desta forma, a partir das categorias memória e cultura, este estudo busca compreender, por meio de narrativas de memória de um grupo relacionado a Ariano Suassuna, como se deu a relação do artista e de sua obra com a cultura e a indústria cultural. Para tanto, fez uso da metodologia de história oral e da hermenêutica de profundidade, que junto com a teoria de base deram sustentação ao mesmo. Conclui-se mostrando que Ariano não cedeu à pressão dos meios da indústria cultural. E que, ao contrário, para terem acesso às suas obras foram aqueles meios que se renderam a ele.
Palavras-chave:Memória. Cultura. Ariano Suassuna.
A Payada e o Payador: perspectivas da memória.
Rossana Marina Duro Sparvoli (Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural– UFPel)
Resumo: A presente comunicação,tendo como pano de fundo a declaração em 2015 da Payada como primeiro patrimônio cultural imaterial do Mercosul,visa realizar uma reflexão crítica, utilizando como fio condutor do raciocínio o papel da Payada e a relação do Payador com as suas comunidades de origem. São elas, a saber, as sociedades dos países do Cone Sul - Argentina, Uruguai e sul do Brasil. Tal ensaio se dará a luz de alguns dos conceitos centrais estudados dentro do Programa de Pós-Graduação de Memória Social e Patrimônio Cultural da UFPel. Será feito uma discussão entre alguns dos teóricos fundamentais para o estudo da memória como Paul Ricouer, Maurice Halbwachs, e Joël Candau, e também com historiadores importantes como Pierre Nora, François Hartog,Johann Michel e Cláudia Rosário. Serão contemplados temas essenciais para o debate aqui desejado como: memória coletiva, metamemória, identidades, homem-memória e lugar de memória, a ligação da memória com o tempo,a relação das sociedades nos regimes de historicidade, e os usos políticos do passado. Além disso, se comentará como o objeto de estudo aqui proposto adentra no campo político da governança memorial, através das políticas de memória, e se examinará os possíveis dilemas decorrentes de sua patrimonialização. Procurar-se-á perspectivas inovadoras que tragam novos olhares e formas de pensar sobre a Payada e o Payador dentro das temáticas propostas.
Palavras-chave: Memória; Payada; Usos Políticos do Passado.
A Coleção Pajeú: uma oportunidade inter e transdisciplinar
Mário Jorge Barreto Ribeiro (Mestrando em Sociologia - Universidade Federal do Ceará/UFC)
Resumo: Idealizada por Gylmar de Carvalho, a Coleção Pajéu é uma coletânea de livros que retrata a história dos bairros de Fortaleza a partir da narrativa das respectivas memórias desses lugares, contadas com base em manifestações históricas e culturais. As obras foram escritas por autores reconhecidos no meio literário cearense, alguns deles moradores dos próprios bairros que narraram. Em sua terceira edição, um dos principais propósitos da coletânea é estimular o sentimento de pertencimento entre os fortalezenses e a cidade, e também entre o bairro onde residem. Baseado em uma análise bibliográfica da coleção, o objetivo deste artigo é refletir sobre o uso das publicações em sala de aula, no âmbito da educação básica, como instrumento capaz de viabilizar abordagens inter e transdisciplinares. Na disciplina de sociologia, por exemplo, é possível pensar os estudos urbanos, a expansão e os problemas da metrópole, segundo os livros jå editados. As temáticas em questão que podem ser exploradas na disciplina mencionada, dialogam com outras áreas do conhecimento, como a geografia e a história; a coleção pode atuar como instrumento capaz de facilitar a promoção dessa interação. Concluiu-se que é possível utilizá-la como importante recurso didático no desenvolvimento de práticas educativas divergentes dos modelos tradicionais amparados no paradigma das disciplinas; iniciativas comprometidas tanto com a formação técnica quanto ética e moral dos discentes.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Transdisciplinaridade; Coleção Pajeú